Correio Sport - Está sem clube desde que deixou o Tondela. O que é que tem feito neste período? Vítor Paneira - Tenho estado a observar e a trabalhar num contexto de aprendizagem. Fiz uma formação em Espanha e também sou comentador televisivo.
– Tem recebido convites para voltar a treinar? – Apareceram algumas coisas, mas nada de concreto. Estou num período de reflexão sobre a minha prestação como treinador. Vou analisar, contabilizar e esperar que surja um projeto aliciante.
– Essas propostas eram de Portugal ou do estrangeiro? – Eram todas de Portugal e fruto do trabalho que já tinha desenvolvido no Tondela. Foram possibilidades, mas como disse nada de concreto.
– Quem é para si o candidato à conquista do título nacional? – Acredito que seja o Benfica. Não só pela vantagem de cinco pontos que tem sobre o Sporting e o FC Porto. Os dragões não vencem há três épocas e isso é muito difícil para uma equipa que já ganhou tanto. O Benfica acaba por surpreender por se apresentar muito forte. Mesmo no clássico com o FC Porto, em que sentiu dificuldades, acabou por sair em vantagem.
– Mas é uma luta a três (Benfica, Sporting e FC Porto)? – Sim. Só os três grandes estão em condições de ganhar o título. Os próximos três jogos vão ser muito importantes para o FC Porto. A eliminação na Taça de Portugal, frente ao D. Chaves, deixou mossa na equipa. Tem agora um jogo para garantir os oitavos de final da Liga dos Campeões e não pode ceder mais pontos na Liga.
– A guerra entre Benfica e Sporting pode favorecer o FC Porto na corrida pelo título? – Essa guerra já existia na época passada. Um guerra cimentada pelo discurso do presidente Bruno de Carvalho e pelo treinador Jorge Jesus. Aliás, o Benfica acabou mesmo por se motivar com essa guerra para chegar ao tricampeonato. Agora acho que já estão todos preparados e vacinados para essa luta. Contudo, o FC Porto tem muito a mostrar já no próximo jogo da Liga com o Belenenses.
– Nuno Espírito Santo tem o lugar em risco no FC Porto se falhar a qualificação para os ‘oitavos’ da Champions e se perder mais pontos na Liga? – Julgo que não. É um treinador da casa. Conhece bem a casa e a mentalidade. Sabe perfeitamente que a margem que tem nesta altura não é dilatada, mas não me parece que tenha o lugar em risco.
– Com qual dos treinadores dos três grandes se identifica mais? Porquê? – Todos eles têm coisas interessantes, mas identifico-me mais com o Rui Vitória. Apreciei o trabalho desenvolvido pelo Nuno Espírito Santo no Rio Ave. Vai perdendo algumas características e, pelo desenrolar da época, vai ficando um treinador preso naquilo que é a tradição do FC Porto e da necessidade urgente de vencer. O Jorge Jesus é um treinador com grande qualidade, como sabemos, mas identifico-me mais com Rui Vitória.
– Como analisa o trabalho de Jorge Jesus e de Rui Vitória? – Rui Vitória percebeu, acima de tudo, o que é o Benfica. O mecanismo de vitórias que já existia no clube também o ajudou bastante na sua afirmação na Luz. São dois treinadores de grande qualidade. O Rui Vitória vai estando uns pontos acima por aquilo que conseguiu, pela dinâmica de vitória que criou e manteve no Benfica. Penso também que foi muito importante a aposta que o Benfica fez na formação e que Rui Vitória encaixou muito bem. É um treinador à Benfica e conseguiu juntar o apoio da família benfiquista. O seu discurso para o balneário tem de ser muito bom, pois consegue cativar os jogadores, mesmo os que não jogam muitas vezes. Está perfeitamente enquadrado no que é o perfil do Benfica.
– E Jorge Jesus... – Pegou no Sporting no seguimento de Leonardo Jardim e Marco Silva. Cria uma grande dinâmica em torno da equipa e sente-se que há uma vontade muito grande de vitória, mas o azar de Jesus é a dinâmica de vitórias que o Benfica tem vindo a cimentar e a desanimar de alguma forma o Sporting.
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