A Maré Socialista (MS), uma organização de esquerda que apoiou o Presidente Chávez, instou esta segunda-feira os venezuelanos a "absterem-se ativamente" de votar nas eleições para a Assembleia Constituinte, por considerar que se trata de um processo "inconstitucional".
"Se chegar-mos às eleições de 30 de julho, estaremos a chamar à abstenção ativa e ao voto nulo, em caso de que se obrigue votar", disse o dirigente da MS, Nicmer Evans, aos jornalistas, em Caracas.
Por outro lado, explicou que a MS uniu-se aos recursos de nulidade introduzidos pela Procuradora-Geral da Venezuela, Luísa Ortega Díaz, contra os decretos presidenciais e a Assembleia Constituinte (AC).
"No meio de uma situação delicada, turbulenta e cheia de incerteza (...), o Presidente Nicolás Maduro realizou uma proposta de AC, que, devido ao inoportuno e aos sintomas de cerceamento da participação cidadã que evidenciou, só tem aumentado a conflituosidade social no país", explica a MS num comunicado.
Segundo o documento, "o povo venezuelano é o único com poder para aceitar ou condenar a convocatória", sendo necessário "um referendo consultivo" para avançar ou não com a mesma.
"Mudar a Constituição não é uma obrigação que imponha um determinado grupo político. É um direito único e intransferível de todo o povo venezuelano", explica.
Para os socialistas, ignorar o princípio fundamental da democracia de "uma pessoa um voto", mediante o estabelecimento de "um critério de proporcionalidade igualitário para todos os municípios do país, sem ter em conta as suas caraterísticas demográficas" tem gerado "que os municípios mais pequenos tenham a mesma quantidade de membros da constituinte, que aqueles habitados por milhões de pessoas".
"Lamentavelmente, a proposta, com poderes plenipotenciários é uma medida autoritária disfarçada de democrática e maquilhada com um referendo aprovatório no final. Perante a imposição de políticas incorretas e a ausência de mecanismos democráticos que canalizem o enorme mal-estar popular, a única alternativa é apresentar as nossas propostas políticas nas ruas, de maneira pacífica e democrática", explica.
Na Venezuela, as manifestações a favor e contra o Presidente Nicolás Maduro intensificaram-se desde 1 de abril último, depois de o Supremo Tribunal de Justiça divulgar duas sentenças que limitavam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assumia as funções do parlamento.
Entre queixas sobre o aumento da repressão, os opositores manifestam-se ainda contra a convocatória a uma Assembleia Constituinte, feita a 1 de maio último pelo Presidente Nicolás Maduro.
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