A geração que nasceu nos setentas cresceu a ver Portugal em penúltimo lugar. Depois desinteressou-se das coisas da Eurovisão antes ainda de perceber que o festival não era bem um mostruário da música europeia, era antes um ‘monstruário’ - de galeria de monstros – que passava sem o anterior entusiasmo na televisão paga por todos nós.
Neste último sábado, tirando aqueles, e eram de facto muitos, que se embeiçaram por uma música muito competente que poderia servir de banda sonora ao filme da Disney ‘A Dama e o Vagabundo’, na cena do esparguete, a notícia de que os manos Sobral tinham levado a melhor surgiu - depois do Papa Francisco e a par do tetra do Sport Lisboa e Benfica, que teve festa rija no Marquês - como uma espécie de milagre de Kiev. E agora andamos todos a cantar pelos dois...
Os portugueses têm esta capacidade extraordinária de ficarem bêbados consigo próprios e de uma hora para a outra. Ou lhes dá e é quase sempre, para lamentar o fado, a sorte madrasta e o destino que lhes marcou a hora; ou então para irem aos píncaros sem mola se lhes cantarolarem que são os maiores.