Os jovens médicos preparam-se para escolher uma especialidade. São 2466 candidatos para 1719 vagas (número provisório).
Em 2016 mais de uma centena ficou sem acesso a uma especialidade. Este ano é previsível que este número aumente. As escolas médicas estão em overbooking crónico. O número de estudantes de medicina ultrapassou o limite de todas as capacidades formativas pré e pós-graduadas.
Entre 1995 e 2014 o numerus clausus aumentou 396%! Portugal é o 3º país da OCDE com mais médicos por mil habitantes (4.4). A taxa de emigração médica é muito elevada. O grau de insatisfação, desmotivação e burnout dos médicos é anormalmente alto.
E o SNS está cada vez mais frágil, com um número de médicos por mil habitantes inferior a 2.6. E o país continua a desperdiçar milhões de euros gastos na formação e a prescindir do valor insubstituível dos jovens médicos.
A quem interessa constituir um grupo de médicos sem especialidade em overbooking? Sem as competências necessárias para enfrentar a medicina moderna? Não interessa aos médicos nem aos doentes. E não deveria interessar aos responsáveis políticos. Ou será que existem outros interesses que justifiquem a indiferença dos sucessivos Governos?