Fazer a festa
O martelo é a estrela da festa, mas lançar um balão na noite de São João é talvez o mais fascinante desafio. Agora proibido – durante anos provocaram incêndios – foram os balões que exortavam o solstício do Verão. Estrelas de outros tempos, sobretudo entre os mais jovens, as cascatas vão resistindo em forma de concurso e longe do “tostão para o São João” que invadia as ruas da cidade há décadas.
Martelo de São joão
O toque característico, as cores fortes e o verdadeiro ‘cumprimento’ da noite de São João. A tradição vem do ano 1963 quando Manuel António Boaventura, proprietário da fábrica ‘Estrela do Paraíso’, criou o Martelo de São João. Numa viagem ao estrangeiros viu o fole de um saleiro e pimenteiro e decidiu meter um apito no interior. O martelo fez sucesso entre os estudantes da Queima das Fitas do Porto que há muito pediam um brinquedo barulhento. O adesão foi tão grande que os comerciantes do Porto começaram a vender o martelo nas festas do São João. Cinco anos depois Manuel Boaventura foi proibido pelo Presidente e Vereador da Cultura da Câmara do Porto de vender os martelos. Após perder duas vezes em tribunal, o dono da fábrica de Rio Tinto venceu a luta e conseguiu voltar a comercializar o martelo. Até hoje, o martelo é vendido em Portugal e em vários países. E é o rei da noite mais longa do ano no Porto.
“Ólha ó balão”
Os balões incandescentes de papel colorido, que tantos anos encheram os céus do Grande Porto de pontos luminosos, foram proibidos há três anos na sequência dos violentos incêndios que assolaram o país. É, no entanto, uma tradição que teima em resistir à lei, talvez porque o fascínio do fogo é maior que o risco de transgressão. Ritual cumprido entre amigos ou família, o lançamento de balões exige prática já que o acender deficiente da mecha queimará o papel. Antes da industrialização das práticas de São João os balões eram feitos em família com paciência de artesão. A importação recente da China a baixo custo aniquilou a produção caseira e é, num certo sentido, um regresso às origens. O lançamento de balões é uma prática nascida naquele país asiático cuja chegada a Portugal se perdeu na voracidade dos tempos.
Cascatas
Presépios com o Santo António, o São Pedro e o São João no lugar da sagrada família e dos reis magos. As cascatas começaram por ser um bocadinho de areia no chão com os três santos e com o grito das crianças a ecoar nas ruas: “Uma moedinha para o São João”. Com o passar dos anos a tradição começou a enraizar-se. A água começou a fazer parte da cascata e estas são as teorias sobre o uso da mesma: é um elemento que faz parte dos rituais do São João, nos banhos das fontes e nos rios tomados antes do nascer do sol; Liga as Cascatas à Igreja Católica, por ser um elemento ‘purificador’ e com o qual Jesus foi batizado; e há ainda quem diga que a estrutura da cascata representa o relevo da cidade Invicta.
Em 1869 foi feita nas Fontaínhas a primeira grande cascata. As ideias surgiram, a população entusiasmou-se e até hoje são construídas cascatas de diversos tipos e feitios