"Este convite foi absolutamente extraordinário", diz Filomena Gonçalves sobre o regresso aos palcos de teatro, ao fim de 18 anos de ausência. Pelo meio, criou uma filha e envolveu-se num projeto televisivo "muito absorvente".
O desafio que Celso Cleto lhe lançou – o de protagonizar a peça-maior de Federico García Lorca, ‘A Casa de Bernarda Alba’, no Auditório Eunice Muñoz, em Oeiras – chegou, portanto, "em muito boa hora". "Foi uma oportunidade única, que não podia deixar de aceitar. Pelo autor, pelo texto, por tudo...", diz Filomena Gonçalves, que não tem palavras que cheguem para elogiar o encenador. "Foi a primeira vez que fui dirigida pelo Celso, e ele tornou todo o processo muito fácil: é um encenador sereno, uma pessoa que sabe o que quer e que, portanto, consegue transmitir grande confiança aos outros."
Em palco, Filomena Gonçalves é Bernarda Alba, matriarca de uma prole de mulheres, cada qual a braços com dramas existenciais próprios. Mas a forma severa como esta mãe vigia a virgindade das filhas levará uma delas à morte. "É uma mulher austera, mas eu não diria que é uma má mãe", justifica a atriz. "É uma mulher que tem a noção muito clara de que vive num Mundo dominado pelos homens e que, por isso mesmo, é preciso fazer tudo o que está ao seu alcance para proteger as filhas."
Rodeada de atrizes que não conhecia, mas que a surpreenderam ("é um grupo excecional, com grandes capacidades"), Filomena Gonçalves espera, agora, que este trabalho – que fica em cena em Oeiras até ao final do ano – venha a merecer os aplausos do público. "Sonho entregar aos espectadores uma peça que os satisfaça e que os divirta, apesar de ser um drama. Que os faça esquecer as suas angústias."
FICHA‘A Casa de Bernarda Alba’ Texto: Federico García Lorca
Encenação: Celso Cleto
Interpretação: Filomena Gonçalves, Estrela Novais, Ana Catarina Afonso, Catarina Mago, Diana Marquês Guerra, Helena Veloso, Isabel Leitão, Rita Cleto e Sara Gonçalves
Reservas: 937 081 517