Rastreio simples, sem dor e gratuito pode fazer toda a diferença. Saiba o que é mito e o que é verdade — e proteja-se.
25 de junho de 2025 às 11:51O cancro colorretal é silencioso, mas não perdoa distrações. Em Portugal, continua a ser uma das principais causas de morte por cancro. A boa notícia? Quando detetado a tempo, tem cura em 90% dos casos. A má notícia? Muitas pessoas ainda acreditam em mitos perigosos que as afastam do rastreio.
A pensar nisso, a MovSaúde está a promover uma campanha nacional com rastreio gratuito, simples e indolor, recomendado a pessoas com mais de 45 anos. E para esclarecer as maiores dúvidas, falámos com a médica Maria de Deus Fernandes, especialista em Medicina Geral e Familiar.
Vamos separar o que é mito do que é verdade? Pode estar aqui uma informação que lhe salva a vida.
MITO
Embora a idade seja um dos principais fatores de risco — sendo mais comum a partir dos 50 anos — nos últimos anos, tem-se observado um aumento significativo dos casos em pessoas mais jovens, especialmente em países ocidentais.
MITO
É um erro comum pensar que o risco só existe quando há casos na família. A verdade é que a maioria dos casos de cancro colorretal (cerca de 85%) ocorre em pessoas sem antecedentes familiares. Embora o histórico familiar aumente o risco, outros fatores como hábitos alimentares, estilo de vida, doenças inflamatórias do intestino são igualmente importantes para o desenvolvimento deste cancro.
MITO
Este é um dos maiores perigos da doença. Numa fase inicial, é comum não haver sintomas ou, quando existem, serem muito inespecíficos, como alterações no trânsito intestinal, desconforto abdominal ou cansaço. Os sinais mais evidentes, como sangue nas fezes, tendem a surgir quando o cancro pode já estar mais avançado. Isso reforça a importância dos rastreios regulares, mesmo na ausência de sintomas.
MITO
Quando diagnosticado nas fases iniciais, as taxas de cura podem atingir os 90%. Infelizmente, muitas pessoas só descobrem a doença numa fase avançada, o que torna o tratamento mais complexo e menos eficaz. Por isso, os exames de rastreio são essenciais mesmo na ausência de sintomas, permitindo um diagnóstico precoce.
MITO
A colonoscopia não é o único exame disponível, sendo que para muitas pessoas, o primeiro passo no rastreio é um teste simples chamado PSOF — pesquisa de sangue oculto nas fezes. Este teste é não invasivo e feito em casa, permitindo detetar pequenas quantidades de sangue nas fezes que podem ser um sinal de pólipos ou cancro. Contudo, se o resultado for positivo, é necessário fazer uma colonoscopia. Seja qual for o método selecionado, o importante é que o rastreio seja efetuado regularmente.
MITO
Um resultado positivo no teste de sangue oculto nas fezes não é um diagnóstico de cancro, mas sim um sinal de que é preciso investigar mais. O teste pode detetar pequenas quantidades de sangue nas fezes que podem ter várias causas — como hemorroidas, inflamações ou pólipos, que não são necessariamente cancerígenos. O passo seguinte é, normalmente, a realização de uma colonoscopia para perceber a origem do sangramento.
MITO
A presença de pólipos não significa, por si só, que a pessoa vai desenvolver cancro. A maioria dos pólipos (adenomatosos) cresce lentamente e pode nunca tornar-se maligna. No entanto, como alguns podem evoluir ao longo dos anos, a sua deteção e remoção precoce representa uma importante estratégia de prevenção.
MITO
Mesmo que uma Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes (PSOF) ou Colonoscopia não detete alterações, isso não garante proteção para sempre. O tempo entre exames depende do risco individual e dos resultados anteriores. Em geral, recomenda-se repetir a PSOF a cada 2 anos ou uma colonoscopia a cada 10 anos se estiver tudo normal, mas esse intervalo pode ser encurtado em pessoas com risco elevado ou se forem encontrados pólipos.
A campanha da MovSaúde oferece-lhe um rastreio gratuito, rápido e indolor. Se tem mais de 45 anos, não adie. Prevenir o cancro colorretal é um gesto simples que pode salvar a sua vida.