Com a previsão da energia solar descentralizada a representar metade das novas adições de energia solar a nível global, a parceria estratégica entre a EDP e a Rondo apresenta uma solução para a descarbonização do calor no setor industrial.
20 de março de 2024 às 10:09O calor industrial, maioritariamente produzido a partir do gás nos dias de hoje, é responsável por um quarto da utilização mundial de combustíveis fósseis. Ele contribui de forma maciça para as emissões globais de carbono e representa um desafio para a descarbonização das grandes empresas. "Entre 20 e 30% das emissões globais são provenientes da indústria", lembra Miguel Fonseca. O administrador da EDP Comercial conversou no EDP Business Summit com John O’Donnell, CEO da Rondo Energy, empresa que desenvolveu uma bateria de calor de baixo custo e sem emissões para o setor industrial. No palco do evento organizado pela elétrica nacional, o responsável da Rondo explicou as vantagens desta bateria.
Até agora, as alternativas para obter calor limpo – hidrogénio e captura de carbono – não se demonstraram especialmente eficazes e económicas. Segundo os especialistas, a solução assenta na eletrificação renovável para o calor industrial, o que permitirá reduzir os custos de produção em milhares de milhões de euros. "Trata-se de uma alternativa de baixo custo, de produção contínua e, acima de tudo, segura", garante John O’Donnell.
A redução dos custos nesta solução acontece graças à redução dos preços de produção das energias eólica e solar acopladas à bateria de calor da Rondo, que é aquecida com eletricidade limpa produzida pelos painéis solares ou pelos aerogeradores. "A dificuldade estava no armazenamento, que ultrapassámos através de uma tecnologia muito simples", sublinha.
A solução passa pela utilização de tijolos, capazes de armazenar 100 KW/hora, e com uma durabilidade de dezenas de anos. "Milhares de toneladas de tijolos são aquecidos diretamente pela radiação térmica e armazenam energia durante horas ou dias com perdas muito reduzidas (menos de 1% por dia)", revela o CEO da Rondo. Quando o calor é necessário, o ar flui através da pilha de tijolos e é sobreaquecido a mais de 1000 °C. A taxa de fornecimento de calor é facilmente ajustada através da alteração do caudal de ar. "O calor à saída é fornecido exatamente à temperatura desejada através de controlos automatizados patenteados pela inteligência artificial, e o ar é eventualmente reciclado de volta através do sistema, minimizando a perda de calor e maximizando a eficiência", sublinha.
Em parceria com a EDP, as baterias de calor da Rondo vão chegar a grandes indústrias e a empresas eletrointensivas, e "contribuir para desenvolver um novo mercado de fornecimento de calor industrial limpo, em grande escala, e a um custo acessível, alimentado pela energia do vento e do sol", salientou Miguel Fonseca, que revela que a EDP pretende desenvolver até 400 MW de projetos eólicos e solares a médio prazo para alimentar até 2 GWh de baterias térmicas da Rondo.
O exemplo da empresa do post-it
No atual panorama empresarial de ritmo acelerado, as Pequenas e Médias Empresas (PME) enfrentam desafios únicos no âmbito da transição energética. Desde os custos iniciais significativos associados à adoção de energias renováveis até à navegação em cenários regulamentares complexos e perturbações na cadeia de fornecimento, as PME, na maioria das vezes, não têm um roteiro claro.
Josh Valman, Business Strategist & CEO na RPDK
Foi sobre este tema que Josh Valman, fundador e diretor executivo da RPDK International, especializado em fazer com que a inovação aconteça, e não apenas em falar sobre ela, encerrou o EDP Business Summit. Aos presentes, o orador deixou um conjunto de ideias práticas que contribuem para o desenvolvimento de uma cultura de inovação empresarial. "A inovação nem sempre exige invenção, mas pode envolver o aproveitamento da tecnologia existente", sublinha. O mais importante, reforça, é tirar partido da mudança através da criatividade, da flexibilidade e da valorização do erro. "Errar significa aprender e inovar", defende.
Um dos exemplos de inovação mais reconhecidos a nível global, referido pelo diretor da RPDK, é a 3M, empresa que "inventou" o post-it. Um dos segredos para o sucesso desta empresa é o tempo para criar – 15% do tempo dos colaboradores é livre para inovar. Um modelo que Josh Valman recomenda, independentemente do setor de atividade. "A inovação é o processo de executar novas ideias, e uma oportunidade clara de sucesso, uma vez que a lealdade de quem teve a ideia cresce, bem como a motivação de toda a equipa", aponta.