Chega quase aos 70%, a percentagem de população portuguesa que apresenta falta de dentes naturais. O valor é do Barómetro de Saúde Oral 2021, promovido pela Ordem dos Médicos Dentistas, e através do qual se percebe ainda que 17% dos portugueses diminuíram o número de idas ao médico dentista e 41% não o visitam há mais de um ano.
Hoje, em que se assinala o Dia Mundial da Saúde Oral, importa olhar para estes valores e perceber a realidade que se vive em Portugal e de que forma podemos trabalhar, individualmente ou enquanto país, para a alterar. João Espírito Santo, diretor clínico e fundador da clínica Medical Art Center, lembra que "em algum momento das nossas vidas iremos padecer dos efeitos secundários de algumas doenças que tenhamos na cavidade oral". Motivo pelo qual não será de estranhar que estas sejam "das doenças crónicas mais comuns no país", ainda que a nossa tendência para as doenças da saúde oral em Portugal "caminhe a par com os restantes países da Europa e do mundo".
João Espírito Santo sublinha que, "em matéria de saúde oral, os apoios são quase inexistentes ao nível da promoção e formação". Assim, trabalhar do ponto de vista preventivo pode ser a solução: "Era muito mais fácil percebermos o efeito preventivo educacional e promover a saúde oral na base de toda a política."
Educar desde cedo
Os primeiros passos, em matéria de prevenção, devem ser dados desde tenra idade. João Espírito Santo alerta que "as crianças aprendem com uma educação espelho", motivo pelo qual "se os pais promoverem o açúcar, a criança vai criar esses hábitos nocivos para a sua saúde oral". A alimentação saudável, a par de outros hábitos como a escovagem diária e a visita regular ao médico dentista, faz parte de uma boa saúde oral.
O fundador da Medical Art Center não se mostra surpreendido com o reduzido número de visitas ao dentista, por parte da população portuguesa, que considera derivar do facto de "as pessoas se habituarem a ver os pais sem dentes ou não terem responsabilidade sobre o seu hálito". Ainda assim, hoje, esta realidade começa a mudar aos poucos e, no pós-pandemia, nota-se já que "muitas pessoas ganharam alguma sensibilidade para a importância da saúde oral e procuram estes procedimentos".
As doenças mais prevalentes
Mas antes de se avançar no tratamento, importa perceber quais as doenças da cavidade oral mais prevalentes no nosso país. João Espírito Santo fala na doença periodontal, mas não só. "Atenção também aos efeitos secundários das doenças cardiovasculares, às cáries, muito comuns hoje em dia, e ainda às alterações pelo uso da chupeta."
Igualmente importante é "o índice da população nacional com edentulismo, portanto, sem dentes", embora nestes casos os portugueses já tenham uma maior sensibilização para recorrer "aos tratamentos de educação oral com implantes, com próteses, à procura de um sorriso saudável".
Uma realidade tecnológica
Igualmente positivo é a tecnologia, que veio dar uma importante ajuda em matéria de tratamentos dentários. João Espírito Santo fala na importância de se assegurar "um exame clínico completo e estudo facial de forma a perceber as vertentes de oclusão, estética e ainda os objetivos do paciente". Todo este trabalho é desenvolvido recorrendo a "um estudo radiológico, registo facial e análise facial 5D e também ao diagnóstico individualizado tendo em conta as expetativas do paciente".
O processo obriga a utilização de scanner intra e extraoral, de forma a realizar um tratamento médico-dentário com protocolo digital, que permite ao paciente dar a expetativa do resultado final e, ao mesmo tempo, garantir a saúde e o êxito do tratamento". Outra ajuda tecnológica passa pela realização de cirurgias navegadas e de equipamentos que, no pós-cirúrgico, permitem a cicatrização mais rápida.
Importante para no nosso estado de saúde geral
Assinala-se hoje o Dia Mundial da Saúde Oral. João Espírito Santo sublinha que esta é uma oportunidade de recordar "a relevância da saúde oral no âmbito do nosso estado de saúde em geral". Importa ainda alertar para "uma reabilitação oral de forma multidisciplinar, levando as pessoas a perceber que, muitas vezes, os problemas digestivos estão associados à saúde oral" e para recordar a questão do cancro oral, "ficando alerta para todos os sinais estranhos".
Na Medical Art Center, aproveita-se este dia para reforçar o que os seus profissionais vão dizendo ao longo de todo o ano aos pacientes: "Lembrar a relevância das boas práticas que devem continuar a manter para sustentar a reabilitação oral que procuraram junto de nós."