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Santa Casa Challenge: prémios para o envelhecimento no digital

Inês Sequeira, diretora do hub Casa do Impacto, explica porque é que a edição deste ano do concurso vai premiar soluções digitais com foco envelhecimento. O open call é até 19 de fevereiro.
2 de Fevereiro de 2023 às 15:31
A diretora da Casa do Impacto, Inês Sequeira
A diretora da Casa do Impacto, Inês Sequeira

A oitava edição do concurso Santa Casa Challenge, aberta a candidaturas até dia 19 de fevereiro, vai aprofundar o impacto junto dos jovens empreendedores através da concessão de 5 mil euros a cada um dos três premiados e um pack de incubação de dois anos no hub Casa do Impacto. Uma mudança de formato que visou garantir maior apoio às startups, já que, nas outras edições, só o primeiro lugar ganhava o prémio monetário de 15 mil euros embora a incubação gratuita no hub fosse garantida aos três premiados.

Inês Sequeira, diretora da Casa do Impacto e do departamento de Empreendedorismo e Economia Social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, explicou, em entrevista, a relevância socioeconómica do concurso e do hub que já apoiou mais de 350 projetos.


Porque escolheram o envelhecimento como tema deste ano do Santa Casa Challenge?

O envelhecimento da população é dos maiores desafios societais que estamos a enfrentar e que se irá agravar nos próximos anos. Os empreendedores e inovadores são pessoas tendencialmente jovens que não olham para uma questão que ainda lhes parece longe da sua realidade pessoal, pelo que queremos mudar esta realidade. Parece-nos fundamental cada vez mais trazer estes diferentes olhares e perspetivas, como a de uma organização social centenária com a dimensão de uma SCML, uma grande empresa seguradora que trabalha junto do mercado com estas mesmas realidades e os empreendedores de impacto, como o Grupo Ageas Portugal e a Fundação Ageas Portugal.


O problema assume uma dimensão maior do que o esperado?

Os Censos de 2021 revelaram que Portugal está mais envelhecido do que se julgava e que a tendência é crescente: há 182 idosos por cada 100 jovens no país. Prevê-se que, em menos de 40 anos, o número de seniores quase duplique. Esta questão é cada vez mais debatida pela sociedade civil, mas ainda faltam soluções claras e eficazes.


Em oito edições, quantas empresas já foram premiadas pelo Santa Casa Challenge e em que áreas se destacaram?

O Santa Casa Challenge é um concurso promovido pela Casa do Impacto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que nas últimas sete edições, desde 2016, premiou soluções tecnológicas inovadoras que deram origem a dispositivos, aplicativos, conteúdos digitais, serviços web ou de comunicação, ligados a um desafio anual, por edição, ligado aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

Lançámos desafios associados à educação, ambiente, saúde, infraestruturas, cultura e envelhecimento e foram apoiadas várias startups, como a Spot Games, MyPolis, Equal Food, Nevaro, SurgeonMate, BlaBlaBlue, AirCO2, Hephaesnus, Beebio, Seedbloks, SmartAI, Genviot, MAG2Clean, entre outras.

A nova edição da iniciativa, em parceria com o Grupo Ageas Portugal e a Fundação Ageas Portugal, tem open call aberta até ao dia 19 de fevereiro para receção de candidaturas de empreendedores.


As startups premiadas têm criado um impacto social positivo?

Sem dúvida, vejamos o exemplo da Equal Food, que desafiou o status quo de como funciona o nosso sistema alimentar. Dois empreendedores internacionais que se instalaram em Lisboa para encontrar solução para dois problemas: frutos e legumes que consumimos e que percorrem desnecessariamente centenas de quilómetros, desde as quintas até aos nossos pratos. Hoje, a Equal Food Co. oferece uma solução sustentável, saudável e conveniente para os seus clientes: uma cesta semanal de produtos frescos e imperfeitos de agricultores regionais entregues diretamente à sua porta bem como alguns projetos sociais para garantir zero desperdício. É responsável pelo resgate de mais de 250 toneladas de alimentos, o apoio a mais de 100 produtores regionais, com uma rede de mais de 6 mil Equal Foodies que garantiram mais de 200 mil euros de receitas para os produtores regionais.


Porque mudaram o formato do Santa Casa Challenge a nível dos prémios e do período de incubação?

Nesta edição, queremos aprofundar o nosso impacto junto dos projetos participantes. Para além do prémio monetário (5.000€) para os primeiros passos do desenvolvimento do projeto, os três vencedores apurados num Demoday no final da capacitação têm a oportunidade de continuar a trabalhar com a Casa do Impacto durante dois anos, com acesso a apoio não financeiro e acompanhamento mensal da equipa do programa, passagem por outros programas e iniciativas da Casa do Impacto, partilha de espaço com outros empreendedores de impacto e um Alpha Pack para o Web Summit 2023.

Criámos aqui uma rede de apoio para garantir que estes projetos aumentem de facto a sua taxa de sucesso.


O desafio de 2022 foi o da ação climática através da educação e transição digital. O projeto vencedor, o AirCO2, ainda está a ser “incubado” na Casa do Impacto?

O AirCO2 vai continuar ligado à Casa do Impacto, através da incubação virtual. Desde a sua participação no Santa Casa Challenge e no Web Summit, através do prémio da Casa do Impacto, alavancou o seu projeto, tendo hoje mais de uma dezena de funcionários, uma lista de espera de mais de 100.000 hectares e mais de 30 empresas.



Casa do Impacto: o hub da criação

Inês Sequeira define a Casa do Impacto como “um hub que capacita startups, empresas e organizações públicas e do terceiro setor a criar e a impulsionar projetos que têm impacto positivo na sociedade”. Quatro anos passaram desde que o hub de empreendedorismo da SCML foi criado. “Durante este período, a Casa do Impacto apoiou mais de 350 projetos, através de um investimento global de 2,6 milhões de euros, incubou 60 startups e estabeleceu mais de 45 parcerias nacionais e internacionais”, concluiu.



AirCO2 e Nevaro: sucesso garantido depois do concurso


Uma solução que permite calcular e compensar a pegada de carbono de empresas e organizações e uma app móvel que é um personal trainer de saúde mental. Foi com estes produtos inovadores que as startups AirCO2 e Nevaro se destacaram no Santa Casa Challenge.

Uma aplicação inovadora que permite calcular, reduzir e compensar a pegada de carbono de empresas e organizações, a AirCO2, foi a vencedora do último Santa Casa Challenge, de 2022. A vitória garantiu aos dois fundadores do produto e da startup com o mesmo nome um prémio de 15 mil euros para o desenvolvimento do projeto, para além da participação gratuita no Web Summit 2022. “Foi um impulso de ânimo, sentimo-nos fortes para continuar e isso ajudou-nos a validar a nossa proposta no meio da ronda de investimento pré-semente [a ronda pré-inicial na fase de maquete de um produto]”, contou Máximo Táboas, empresário galego e um dos fundadores da startup com sede na Galiza e rede de clientes em Portugal e Espanha. “A AirCO2 surgiu por acaso. Ao preparar o plano de negócios para uma operação madeireira, descobri o mercado de carbono e as suas ine ciências, pois havia barreiras de entrada que não permitiam algo tão simples como monitorizar o serviço ambiental de captura de CO2 que cada fábrica faz dia após dia.” A startup, que começou com os dois criadores e agora conta com 12 pessoas, prepara-se para dar o salto da Península Ibérica para a Polónia e para o México.


A equipa da Nevaro desenvolveu a app Holi


“Disponibilizamos um algoritmo capaz de calcular a pegada de carbono automaticamente a partir da análise da transação bancária, através do open banking, mas focamo-nos naquilo que somos mais disruptivos, no mercado onde qualquer proprietário florestal pode ganhar dinheiro com as suas árvores”, explica Máximo.

Na edição de 2021, dedicada à área da saúde, venceu a startup Nevaro com a app móvel Holi, um personal trainer de saúde mental. “Esta vitória permitiu-nos entrar na comunidade da Casa do Impacto, o que acabou por ter imensos efeitos positivos no nosso caminho.

Ganhámos espaço de trabalho nas suas instalações de coworking, participámos no programa de aceleração RISE for Impact (tendo alcançado o 3.º lugar), e fomos uma das 10 startups selecionadas para a edição de 2022 do programa de financiamento +PLUS”, afirmou Rita Maçorano, cofundadora da startup, juntamente com Francisca Canais. Mestres em Engenharia Biomédica e Biofísica, Rita e Francisca começaram por desenvolver a plataforma Nevaro4Covid como uma resposta rápida à pandemia covid-19 - era um monitorizador de sintomas, que também incluía a gestão da saúde mental. “Mas o nosso ‘bebé’ é a app Holi, que atua como um personal trainer para a saúde mental, ensinando de uma forma leve e divertida como gerir e manter uma boa saúde mental.” Rita Maçorano lembra que “a saúde mental é bastante negligenciada em Portugal” e que “os números falam por si”: “Existe um atraso médio de 11 anos entre o aparecimento dos primeiros sintomas de ansiedade ou depressão e a procura de apoio médico especializado. E verifica-se um consumo astronómico de ansiolíticos e antidepressivos, sendo que Portugal é o 3.º país a nível mundial com maior consumo.”

O foco das duas empreendedoras ainda é Portugal, onde estão a fornecer a Holi a empresas para estas poderem cuidar da saúde mental dos seus colaboradores. “Mas temos uma ambição e visão de grande escala, e por isso já começámos a preparar a nossa expansão para Espanha, onde nos encontramos atualmente numa reconhecida incubadora de empresas, em Valência – a Lanzadera”, conclui Rita Maçorano.



Os três desafios do envelhecimento

Os três desafios do Santa Casa Challenge deste ano para os jovens empreendedores são: Envelhecer no Lugar Certo, Conexão Social e Envolvimento e Cuidar dos Cuidadores. Segundo Inês Sequeira, são desafios que tocam em pontos fundamentais dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU. Em primeiro lugar na questão de “onde envelhecer” pois “o local certo para envelhecer depende das necessidades e interesses de cada um”, frisa Inês Sequeira. Em segundo lugar, “conexão social e envolvimento: exigir uma sociedade inclusiva onde se combata o preconceito pelo idoso”. Finalmente, em terceiro lugar, “cuidar dos cuidadores”. Como sublinha Inês Sequeira, “quer os cuidadores formais quer os informais precisam de formação e apoio emocional”.

Por Boas Causas