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Um curso com futuro profissional garantido

A pandemia por covid-19 veio evidenciar alterações da comunicação sobretudo em crianças e idosos, o que só acentuou a importância da terapia da fala. A licenciatura nesta área, pela Escola Superior de Saúde de Alcoitão, tem 100% de saída profissional.
19 de Janeiro de 2023 às 16:58

Da Escola Superior de Saúde de Alcoitão (ESSAlcoitão) vão sair, este ano letivo, 17 novos terapeutas da fala para o mercado, perto de metade dos 36 que esta instituição privada de ensino superior politécnico tem capacidade de formar anualmente, segundo dados avançados pela coordenadora do departamento de Terapia da Fala, Margarida Grilo. “Felizmente, a procura tem vindo a aumentar e, no presente ano letivo, a turma de 1º ano tem 25 inscritos.”

Os candidatos à licenciatura em Terapia da Fala na ESSAlcoitão, a primeira instituição de ensino superior que a criou, a nível nacional, são bem-vindos e terminam o curso com uma certeza: têm emprego garantido.

Os licenciados em 2019/20 no estabelecimento de ensino criado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) estão 100% empregados e começaram a trabalhar imediatamente após a conclusão do curso superior, uma licenciatura de quatro anos.

“Cada vez mais, a ação do terapeuta da fala é requisitada e reconhecida, quer em contexto de saúde, como em contexto educativo e em contexto social”, afirma Margarida Grilo, que se licenciou em Terapia da Fala em 2002 nesta mesma escola.

A pandemia só veio acentuar a relevância desta área do saber, cujos profissionais têm competências para avaliar, diagnosticar e intervir com pessoas com alterações da comunicação.

“A procura de terapeutas da fala já era muito significativa, mesmo antes da pandemia, no entanto, esta situação de saúde pública evidenciou a versatilidade de atuação deste profissional de saúde, quer junto de pessoas em situação de desvantagem comunicativa ou oromotora [a capacidade motora para a fala e para a alimentação], mas também a importância do terapeuta da fala na resposta aos novos desafios a que as equipas de saúde estiveram sujeitas”, realçou a coordenadora do Departamento da Fala da ESSAlcoitão.

O impacto da pandemia da covid-19 nas perturbações da fala foi particularmente elevado nos mais novos. “Os adultos seniores, que permaneceram em cuidados intensivos e que foram submetidos a longos períodos de intubação, desenvolveram, sobretudo, perturbações da fala, da voz e da deglutição. No entanto, devido às medidas de contingência e às consequentes restrições sociais, o impacto foi muito significativo nas crianças em fase de desenvolvimento linguístico, com evidente compromisso no desenvolvimento semântico, sintático, fonológico e pragmático, pois as interações comunicativas foram muito, muito restringidas”, destaca Margarida Grilo.

Os terapeutas que existem são poucos para as reais necessidades do mercado. “É sobretudo necessário garantir que as vagas disponíveis para frequência do curso de licenciatura em Terapia da Fala sejam preenchidas. Significa a necessidade de desenvolvimento de um trabalho de divulgação da profissão de terapeuta da fala, em particular junto dos serviços de psicologia e orientação e das associações de pais, por constituírem os alicerces mais importantes na tomada de decisão dos jovens em fase de opção pela sua carreira académica superior.”

A ESSAlcoitão destacou-se também por ser “a primeira instituição de ensino superior nacional a implementar o curso de mestrado em Terapia da Fala, com as áreas de especialização de Motricidade Orofacial e Deglutição e de Necessidades Complexas de Comunicação e o curso de pós-graduação em Terapia da Fala – Intervenção na Infância”.

A procura por estas especializações “é muito elevada”, assegura Margarida Grilo. A formação contínua desenvolvida pelo departamento de Terapia da Fala da ESSAlcoitão destina-se a profissionais de saúde, da educação e da área social.

Sendo a ESSAlcoitão a primeira instituição nacional a formar terapeutas da fala, procura que o seu corpo docente seja composto por “elementos que se destaquem na área científica da terapia da fala, quer do ponto de vista académico, científico e clínico, e que tenham reconhecimento pelos seus pares nacionais e estrangeiros”.


Rastreio no Pré-Escolar e 1º Ciclo

O LinFa é um projeto de ação comunitária da ESSAlcoitão que, desde 2010, promove atividades de rastreio nas áreas de motricidade orofacial, fala e linguagem, junto de crianças do ensino pré-escolar e do primeiro ciclo da região da Grande Lisboa.



É possível intervir na gaguez e na mudez seletiva


Terapia da fala pode fazer a diferença na qualidade de comunicação de pessoas com perturbações crónicas como a gaguez.

A intervenção em terapia da fala pode ocorrer em qualquer momento do ciclo de vida, desde o nascimento ao fim de vida, referiu a professora Inês Tello Rodrigues, da licenciatura em Terapia da Fala da ESSAlcoitão. O terapeuta da fala pode atuar sempre que se verifiquem alterações da deglutição, comunicação, linguagem (oral e escrita), fluência, voz, motricidade orofacial mas também atua ao nível da prevenção. Os sinais ou sintomas de alerta dependem da idade, do contexto e das eventuais alterações clínicas e por esse motivo uma avaliação detalhada em terapia da fala juntamente com uma cooperação interdisciplinar é fundamental para garantir uma resposta adequada às necessidades de cada pessoa.”

Perturbações de fala crónicas, como a gaguez, ou transitórias, como a mudez causada por um trauma, podem ser atenuadas. A professora de Terapia da Fala Jaqueline Carmona sublinha que “a gaguez é possível tratar ainda que o diagnóstico de perturbação da fluência, vulgo gaguez, tenha como intrínseco que se trata de uma perturbação crónica”.

Mas é frequentemente alvo da intervenção e há vários objetivos passíveis de alcançar numa intervenção com uma pessoa que gagueja, tais como:


Margarida Grilo coordenadora do departamento de Terapia da Fala ESSAlcoitão


“O reduzir do esforço que a pessoa poderá fazer para comunicar, o reconhecer das palavras que poderá evitar dizer ou identificar se opta por não partilhar ideias porque poderá gaguejar.”

“Também na área das perturbações da fluência, a ESSAlcoitão é a única instituição de formação de terapeutas da fala nacional a participar no consórcio internacional ECSF, que desenvolve o curso de especialização em perturbações da fluência”, adianta a coordenadora do departamento da Terapia da Fala, Margarida Grilo.

A situação mais extrema de perturbação será sempre a mudez ou “a ausência na capacidade de produzir fala”, como descreve a professora Inês Tello Rodrigues. “Nestas situações uma avaliação detalhada permitirá definir a intervenção mais adequada. Os objetivos estão frequentemente associados a uma maximização da comunicação tendo em vista a autonomia da própria pessoa e sem esquecer os seus interlocutores como família, amigos e comunidade em geral”, realça a professora.

O tempo de intervenção nas situações mais complexas é sempre avaliado caso a caso. “A intervenção irá depender da avaliação efetuada e dos objetivos definidos pelo terapeuta, pela família, pela equipa e pela própria pessoa. Deve ser adaptada à medida que o tempo e as necessidades se vão modificando e apoio pode ser transversal ao ciclo de vida da pessoa”, refere Inês Tello Rodrigues.

Mesmo com todo o saber e empenho, “existem situações irreversíveis como as provocadas por lesões graves após um AVC”, ressalvou a docente. “Mas as diferentes abordagens em terapia da fala permitem olhar para a pessoa e não para a sua incapacidade e delinear uma intervenção centrada nas suas potencialidades e na sua funcionalidade”.

Como em qualquer área científica, a terapia da fala continua a evoluir através da investigação para responder a novos desafios e adaptar-se a novas necessidades. “A investigação científica não se centra apenas na evolução de técnicas, mas numa ampliação do conhecimento global das múltiplas áreas associadas à terapia da fala. Por esse motivo, a cooperação com outras áreas científicas é fundamental para a progressão e o desenvolvimento do conhecimento”, concluiu Inês Tello Rodrigues.


Por Boas Causas