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Em 2023, 49% das PME portuguesas estavam a planear ou a implementar uma estratégia de sustentabilidade, pondo Portugal acima da média europeia neste indicador, segundo um estudo promovido pela Generali. Esta investigação, que abrangeu 1200 PME em nove países europeus, revelou que 76% das PME com plano de ação para a sustentabilidade conseguem reduções claras de custos. Já para 68% destas empresas, os esforços em termos de sustentabilidade permitiram abrir novos mercados e aumentar as receitas.

Um panorama bastante animador, mas que mostra a necessidade de continuar a incentivar as PME portuguesas para investirem na sustentabilidade. Foi com esse objetivo que a Generali Tranquilidade criou o SME EnterPRIZE – Prémio Europeu de Sustentabilidade para PME. A entrega de prémios da terceira edição desta iniciativa, numa parceria com o Correio da Manhã e a Sábado, tendo a EY como “knowledge partner”, decorreu no dia 31 de janeiro, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Recorde de candidaturas

Esta terceira edição bateu novo recorde de candidaturas (mais de 650), tendo sido distinguidos 14 projetos de PME a atuar em Portugal. Este ano o vencedor foi a EcoX, uma empresa com um forte ADN de inovação, nascida no âmbito da Universidade de Coimbra, e que está sediada em Penela. A EcoX tem uma fórmula inovadora para transformar óleos alimentares usados em sabão e detergentes líquidos para uso doméstico e profissional, apostando num modelo de economia circular. Ao receber o prémio, César Henriques, diretor-geral da EcoX, fez notar que  todos nós próprios temos “poder de decisão sobre a sustentabilidade com as escolhas feitas todos os dias”. “Devemos olhar para nós e perceber o que podemos fazer pela sustentabilidade em cada decisão que tomamos”, informou.

Vencedores inovadores

Além da candidatura vencedora da EcoX, foi distinguido com uma menção honrosa o projeto Kiplant Endofit da Asfertglobal, uma empresa portuguesa baseada em Santarém e focada no desenvolvimento de biofertilizantes para uma agricultura mais produtiva e sustentável. A outra menção honrosa foi para o projeto de produção de combustível industrial sustentável certificado da Eco Oil. Esta é uma PME portuguesa que opera a partir de Setúbal e que tem como atividade principal o tratamento e a reciclagem de resíduos com hidrocarbonetos. “Estas PME são os verdadeiros heróis da sustentabilidade. São empresas que se comprometeram com a sustentabilidade, que são capazes de apresentar projetos verdadeiramente interessantes, e que merecem ser apoiadas e incentivadas neste caminho”, afirmou Pedro Carvalho, CEO da Generali Tranquilidade, na sua intervenção nesta cerimónia.

Lideranças são determinantes

Ao longo destas três edições, o SME EnterPRIZE tem dado destaque a projetos que – vindos dos mais variados setores da economia – lideram na sustentabilidade ambiental e social. Nestas empresas, as lideranças são sempre determinantes, pelo que a cerimónia de entrega de prémios teve um painel dedicado ao tema “Liderança e Sustentabilidade”, moderado por Joana Pina Pereira, CDO da Generali Tranquilidade, e que contou com a participação da maestrina Joana Carneiro e do selecionador da Seleção Feminina de Futebol Francisco Neto. Para Joana Carneiro, a liderança exige preparação, visão e confiança. Francisco Neto sublinhou que o líder deve ser capaz de extrair o melhor de cada um e potenciar o talento para atingir um objetivo comum. Como sublinhou Joana Pina Pereira, nas empresas, como nas orquestras e no futebol, o equilíbrio e a motivação das equipas são fundamentais para a sustentabilidade dos projetos.

Capacitação é o caminho

A questão da liderança empresarial esteve também muito presente no painel dedicado aos “Grandes Desafios para as PME”, que contou com a participação de Norma Franco, partner da EY, Gonçalo Salazar Leite, membro do júri e professor na Católica Lisbon SBE, e Joana Carvalho, do Programa Voice Leadership da Nova SBE. Uma novidade desta terceira edição foi exatamente a oferta de uma inscrição neste programa de Formação para líderes de PME, aos 14 projetos finalistas deste prémio. Para Joana Carvalho, a sua experiência neste programa reflete a heterogeneidade do tecido empresarial português e a necessidade de capacitação das lideranças,  “com empresas que simplesmente desconhecem o tema até empresas que já têm planos bem estruturados de transição para a sustentabilidade”, afirmou.

Na perspetiva de Gonçalo Salazar Leite, a pressão regulatória e as exigências da banca e dos financiadores estão a ser importantes para que as PME façam o caminho da sustentabilidade. Mas avisa que “as obrigações de reporte se estão a tornar demasiado pesadas para muitas empresas e correm o risco de se tornar não um meio, mas um fim em si”. Para Norma Franco, um incentivo importante é a pressão da cadeia de valor, fazendo notar que as empresas exportadoras ou que operam no setor B2B são as primeiras a sentir a necessidade de adaptação para corresponder aos requisitos de sustentabilidade dos seus clientes, que são muitas vezes grandes empresas internacionais. Para a partner da EY, neste contexto, “a sustentabilidade não pode ser vista apenas como um desafio regulatório, mas como um fator central no crescimento das organizações”, afirmou. Na verdade,  “antecipar o risco das alterações climáticas é também criar oportunidades futuras de negócio e transformar os desafios em vantagem competitiva”, recordou.

Mudam as mentalidades

No entanto, todos os participantes do painel reconheceram que, além das exigências regulatórias e da pressão da cadeia de valor, está em curso uma verdadeira mudança de mentalidades, com uma crescente consciência, por parte dos líderes das empresas, de que a sustentabilidade é não só uma obrigação. “As PME portuguesas têm lideranças muito capazes, que percebem que a sustentabilidade é uma oportunidade, uma obrigatoriedade e uma responsabilidade”, diz o professor da Católica Lisbon SBE. Também Joana Carvalho sublinhou que “a sustentabilidade não é só investimento e compliance – há ganhos diretos em eficiência e diferenciação competitiva”. “As empresas precisam de equilibrar o fim do mundo e o fim do mês.” A sustentabilidade é uma responsabilidade, mas também uma oportunidade”, acrescentou Gonçalo Salazar Leite.

Iniciativa aumenta interesse

A dinâmica de crescimento da sustentabilidade no nosso tecido económico fica bem ilustrada pelo aumento do interesse das PME nesta iniciativa da Generali Tranquilidade. Nesta terceira edição foram recebidas 664 candidaturas, um aumento de 32% face ao ano anterior. Destas, foram selecionadas 44 candidaturas para análise aprofundada pelo júri, em que sensivelmente metade tinham impacto simultâneo na sustentabilidade social e ambiental. Também é de salientar a diversidade setorial e geográfica  dos projetos selecionados. Destes 44 foram selecionados 14 finalistas. Além do vencedor e das duas menções honrosas, foram também distinguidos nesta cerimónia os outros 11 projetos que chegaram à fase final. A empresa vencedora recebeu seguros e serviços da Generali  Tranquilidade avaliados em 15 mil euros. O vencedor e as menções honrosas terão difusão e cobertura mediática no Correio da Manhã, Sábado e CMTV. Isto além de um vídeo promocional, troféu, diploma e selo digital “PME Sustentável”.

Sustentabilidade vai deixar de ser escolha

Na intervenção de encerramento da cerimónia, Pedro Carvalho, CEO da Generali Tranquilidade, considerou que o crescimento das candidaturas mostra a forma como o tema está a ser realmente assimilado pelo tecido económico e salientou que este será um tema cada vez mais importante na relação entre banca, investidores, seguradoras e empresas. Para este responsável,  “a sustentabilidade deixará de ser uma escolha para se tornar um critério essencial nesta relação”. Na verdade, considerou, a sustentabilidade será “um compromisso inescapável para toda a sociedade”. Neste contexto, "os verdadeiros heróis da sustentabilidade são as empresas que, independentemente do resultado, demonstram compromisso e capacidade de inovação para construir um futuro mais sustentável”, concluiu.

De salientar que nesta cerimónia foram igualmente atribuídos os prémios de agente de seguros mais sustentável (exclusivo e multimarca), num sinal do compromisso de toda a rede de distribuição de seguros da Generali Tranquilidade com a promoção da sustentabilidade junto dos seus clientes. Resta referir que o vencedor do prémio nacional, irá agora participar na cerimónia europeia, em Bruxelas, a 26 de março, representando Portugal no âmbito da iniciativa europeia do Grupo Generali, juntamente com os vencedores do prémio nos outros nove países participantes. Nesta cerimónia, os “Heróis Europeus da Sustentabilidade” vão ter a oportunidade de falar com representantes da comissão europeia ligados ao mundo das relações comerciais internacionais.