A ALGAplus, depois de ter sido distinguida com uma menção honrosa pelo júri nacional, foi selecionada pelo júri internacional para representar Portugal na final europeia do SME EnterPRIZE | Prémio Europeu de Sustentabilidade para PME, criado pela Tranquilidade | Generali. Empresa pioneira na produção biológica integrada de algas para alimentação, a ALGAplus foi escolhida pelo júri internacional para defrontar empresas de outros oito países europeus, na competição pelo título de Herói Europeu da Sustentabilidade.
Criada em 2012, a partir de um projeto académico de dois biólogos portugueses, a ALGAplus candidatou-se ao prémio com o projeto de produção e comercialização de algas e seus derivados, que visa a industrialização da produção biológica integrada de algas. Este é um modo de produção eminentemente sustentável com um impacto positivo no ecossistema. Segundo Helena Abreu, gestora e cofundadora da ALGAplus, “somos o exemplo puro da economia circular e azul. Fazemos a produção integrada biológica de peixes e algas em antigas aquaculturas na ria de Aveiro. Reciclamos os nutrientes dos peixes para alimentar as algas marinhas, dispensando qualquer fertilizante. Desta forma, fazemos regressar à ria de Aveiro a água utilizada pelos nossos peixes e algas, agora completamente limpa, contribuindo de forma positiva para o equilíbrio de uma zona ambiental particularmente sensível.”
Helena Abreu, gerente da ALGAplus
Benefícios para a ria de Aveiro
As oito espécies de algas marinhas cultivadas pela ALGAplus são utilizadas na alimentação humana, cosmética, bem-estar, farmacêutica e saúde animal. E mais recentemente na produção de biomateriais. A empresa exporta cerca de 75% da sua produção, e os principais clientes são empresas na Europa, Austrália, Canadá e Estados Unidos, que usam as algas como ingredientes nos mais diversos produtos, a grande maioria para alimentação humana.
Se para o estrangeiro a ALGAplus vende essencialmente ingredientes, já em Portugal a empresa tem dinamizado a utilização das algas na restauração, e tem produtos próprios (através das marcas Tok de Mar e Companhia das Algas) ou desenvolvidos em parceria. De acordo com Helena Abreu, “em Portugal, desde o princípio da empresa procurámos dinamizar o consumo de algas na alimentação, tentando chegar ao consumidor. Esse trabalho tem dado resultados. Trabalhamos com quase todos os chefes Michelin e temos grande aceitação na restauração premium. Na distribuição, começámos com as lojas de produtos biológicos, mas já estamos a entrar na grande distribuição com o El Corte Inglés, a Macro, e em breve estaremos também na SONAE, LIDL, Jerónimo Martins, e não só.”
© ALGAplus
Mais algas na nossa dieta
A gama de produtos próprios da ALGAplus inclui, além de algas em vários formatos, conservas com algas, sal com algas, entre outros. Em parceria, a ALGAplus desenvolveu alimentos como mel aromatizado, manteigas e cremes de barrar vegan e, mais recentemente, com a Paladino, a “maionese do mar”. Esta diversificação faz parte do crescimento da empresa.
A industrialização da produção biológica de algas marinhas permite à empresa chegar a outros clientes e viabilizar novos produtos e utilizações. “Estamos a ser bem-sucedidos em demonstrar que as algas podem ser consumidas fora dos menus asiáticos. As pessoas vão ao chinês ou ao japonês e acham natural comer algas. Este é um produto que se integra muito bem na nossa dieta atlântica e mediterrânica. É um verdadeiro ‘legume do mar’ que vai bem nas nossas saladas, arrozes, sopas, caldeiradas, e como condimento”, refere a responsável da ALGAplus.
Segundo a ALGAplus, a utilização das algas marinhas na alimentação humana está muito mais desenvolvida fora de Portugal. Aos portugueses ainda falta descobrir a variedade de sabores e de propriedades nutricionais das algas. Um alimento que pode complementar a nossa dieta e contribuir para uma vida mais saudável, consumindo um recurso natural, sustentável, e agora, local.
Helena Abreu, gerente da ALGAplus
Ao contrário do que normalmente se pensa, a maior parte do oxigénio na Terra é produzido pelas algas e não pelas plantas terrestres. Este é apenas um exemplo do papel fundamental das algas na regulação e equilíbrio do ambiente que nos rodeia. Por outro lado, desde tempos ancestrais que as algas têm sido utilizadas como fonte direta ou indireta de alimento para pessoas e animais, e como fertilizante na agricultura.
O cultivo de algas em aquacultura, nota Margarida Martins, responsável de inovação na ALGAplus, “permite satisfazer as exigências de mercado em termos de quantidade, preservar as populações de algas no meio selvagem e garantir ainda a qualidade e segurança dos produtos”. Neste contexto, surge a ALGAplus, “com um conceito inovador, pioneiro e líder na Europa, no cultivo de algas marinhas num sistema de aquacultura integrado e sustentável, com um modo de produção biológico certificado”, afirma a responsável.
© ALGAplus
Produção biológica certificada
A empresa está localizada em Ílhavo. Esta região é banhada por água proveniente do mar e inserida numa zona Natura 2000, reunindo as condições ideais para a produção de espécies de algas marinhas nativas da costa portuguesa com interesse comercial a nível global. O sistema de aquacultura desenvolvido pela ALGAplus imita o fluxo de nutrientes de um ecossistema natural, combinando a aquacultura de peixe e macroalgas, ambos em modo de produção biológico, sem necessidade de adição de qualquer outra substância ao meio, seja ela fertilizante, desinfetante ou produtos químicos. O que explica a certificação de produção biológica que a ALGAplus detém desde o início da sua atividade.
Para Margarida Martins, “este conceito de produção é um exemplo puro de bioeconomia circular e sustentabilidade ambiental, que gera riqueza através da junção perfeita da biotecnologia azul e do setor primário de produção. Uma aliança entre o conhecimento mais tradicional de uma comunidade piscatória e o conhecimento científico de ponta”.
Margarida Martins, responsável de inovação na ALGAplus
Helena Abreu, gerente, Paulo Santos, gerente, e Margarida Martins, gestora de projetos de inovação da ALGAplus, na companhia de Pedro Carvalho, CEO, e João Barata, Chief Insurance Officer, ambos dada Tranqulidade | Generali
De azul a verde
No entanto, na ALGAplus, a sustentabilidade não se limita ao processo produtivo das algas. Neste momento, a empresa também já comercializa todos os coprodutos obtidos da transformação das algas, como produtos de valor acrescentado, nomeadamente para a indústria da cosmética, numa política de desperdício zero. Refira-se também que, para além de um historial de boas práticas de sustentabilidade social e de relação com a comunidade, a empresa está também a trabalhar na implementação de painéis fotovoltaicos, procurando maior eficiência do ponto de vista energético, económico e ambiental, com cada vez menor dependência de recursos não renováveis. No fundo, refere a responsável pela inovação, “procuramos que a economia azul da ALGAplus seja, toda ela, verde”. Margarida Martins afirma que “respeitamos o ambiente e a sociedade, e procuramos que o nosso esforço tenha um impacto local, nacional e internacional positivo. Porque, como costumamos dizer, estamos nisto “de Alga e Coração”.
© ALGAplus
Empresa: ALGAplus – Produção e comercialização de Algas e seus derivados
Nascida: 2012, em Ílhavo
17 Colaboradores
350.000 euros de faturação
75% em exportação
Será já no dia 26 de outubro, em Bruxelas, que um júri internacional decidirá, de entre nove empresas europeias, quem é o Herói Europeu da Sustentabilidade. Estas PME são representantes do tecido empresarial PME de Itália, Alemanha, Espanha, França, Áustria, Hungria, Chéquia, Croácia e Portugal, e foram escolhidas no âmbito do prémio da Tranquilidade | Generali, em cada um dos países em que tem uma forte presença.
Este prémio procura criar uma plataforma que dê visibilidade às PME sustentáveis. Vai estimular o debate sobre a importância da sustentabilidade e promover investigação nesta área. E recompensar as melhores histórias de sucesso, procurando inspirar os empresários e gestores de PME a desenvolver modelos de negócio sustentáveis em termos ambientais, de bem-estar e face à comunidade.
Recorde-se que a primeira edição portuguesa deste prémio se concluiu no dia 28 de setembro, com a cerimónia de entrega dos prémios a dez projetos finalistas. Foram recebidas 480 candidaturas e apesar de o foco desta 1ª edição em Portugal estar na sustentabilidade ambiental, 94% dos candidatos reportaram também ações de sustentabilidade nas categorias comunidade, e bem-estar dos colaboradores e famílias.