Cabo Verde prevê mais do que duplicar turistas em 2022 e retomar economia

Para o próximo ano, o Executivo aponta para uma chegada entre 600 e 750 mil turistas, aproximando-se dos números de 2018.

06 de outubro de 2021 às 13:22
Ilha de São Vicente, Cabo Verde Foto: Getty Images
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Cabo Verde espera mais do que duplicar o número de turistas que chegam ao arquipélago em 2022, invertendo a tendência de queda nos últimos dois anos por causa da pandemia da covid-19, segundo previsões do Orçamento do Estado.

Em 2020, no primeiro ano da pandemia da covid-19, Cabo Verde teve uma queda histórica na chegada de turistas de 75%, correspondendo a menos cerca de 600 mil turistas, depois de um recorde de 819 mil chegadas em 2019.

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Já este ano, as previsões apontam para alguma recuperação, mas ainda com números negativos (-22%), com o país a esperar receber apenas cerca de 300 mil turistas, recuando a números de 2005.

Mas para o próximo ano, o Governo espera um "forte aumento" do número de turistas que demandam no arquipélago, marcando o início da retoma do setor, que representa cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde.

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Segundo as previsões do Orçamento do Estado, em 2022 o Governo prevê mais do que duplicar o número de turistas que chegam ao arquipélago, entre 100% a 150%, em comparação com a queda deste ano.

Ou seja, para o próximo ano, o Executivo aponta para uma chegada entre 600 e 750 mil turistas, aproximando-se dos números de 2018, ano em que o país atingiu 765 mil hóspedes.

Antes mesmo da pandemia, o Governo cabo-verdiano tinha traçado como meta chegar a um milhão de turistas em 2021, mas o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, disse em conferência de imprensa na terça-feira para apresentar o Orçamento que agora vai levar algum tempo para atingir esse valor.

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"Isso vai demorar muito tempo ainda. Se as coisas correrem bem, só em 2023/2024", reconhece Olavo Correia, lembrando que a pandemia levou Cabo Verde a retroceder muitos anos em relação a vários indicadores e vai precisar de mais alguns anos para ter os mesmos valores de 2019.

"Infelizmente é assim, não depende só de nós, depende do contexto internacional, mas tudo faremos para que seja mais breve e que a retoma seja mais efetiva e mais célere", traçou, pedindo igualmente ponderação em relação às projeções.

Com o aumento significativo da chegada de turistas ao arquipélago, o Governo espera a recuperação económica, em que promete muitas outras medidas, como aumento do crédito à economia em 4,6% e criação de 9.749 empregos líquidos.

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Além disso, propõe a recapitalização das micro, pequenas e médias empresas afetadas pela crise através do fundo de impacto de 10 milhões de euros e do reforço da capacidade de intervenção da empresa pública de capital de risco Pró-capital e operacionalização do Fundo Soberano de Garantia ao Investimento privado em 90 milhões de euros.

Para o próximo ano, o executivo de Ulisses Correia e Silva pretende ainda a intensificação do sistema de garantia parcial de crédito, com reforço do capital da Pró-Garante, bem como o alargamento das facilidades de assistência técnica e financeira da Pró-Empresa.

Também garante que vai manter o IVA para o turismo e na restauração à taxa de 10%, reforçar o empreendedorismo no domínio da economia digital, da cultura e indústrias criativas, da economia azul e promoção da formação para empregabilidade e investir 259 milhões de escudos (2,3 milhões de euros) em estágios profissionais.

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O Orçamento do Estado de Cabo Verde para 2022 é de 662 milhões de euros (73 mil milhões de escudos cabo-verdianos) e prevê um crescimento até 6%, para "fazer a ponte" entre a pandemia e a retoma económica, conforme dados apresentados pelo vice-primeiro-ministro.

A proposta tem uma redução de 2% no valor, que o ministro justificou com a necessidade de "dar um sinal" na diminuição das despesas públicas, para garantir um quadro orçamental sólido.

"Falamos de despesas públicas de funcionamento, que são adiáveis, que não põem em causa o essencial do compromisso do Estado com a Educação, a Saúde, a Segurança ou com a Proteção Social", justificou.

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O orçamento, prosseguiu a mesma fonte, é financiado na sua maioria pelos impostos, que aumentam 25,6%, os donativos, mesmo diminuindo 24,2%, e os empréstimos, que também terão uma redução, de 44,9%.

A nível da alocação dos recursos do Orçamento do Estado para 2022, a maior parte vai para os serviços públicos gerais (26,6%), seguida da Educação (15,7%), Proteção Social (13,8%), Assuntos Económicos (11,6%), Saúde (11%), Segurança e Ordem Pública (7,9%), Habitação e Desenvolvimento Urbanístico (6,2%), Proteção Ambiental (4,6%).

Segundo o também ministro das Finanças, para o próximo ano prevê-se um crescimento económico entre 3,5% e 6%, depois das previsões entre 6,5% e 7% este ano e da forte recessão económica de 14,8% em 2020, por causa dos efeitos da pandemia da covid-19. 

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Já a inflação deverá situar-se entre 1,5% e 2%, o défice orçamental ainda negativo (- 6,1%), dívida pública de 150,9% do Produto Interno Bruto (PIB) e taxa de desemprego a reduzir para 14,2%, depois de 14,5% nos últimos dois anos.

De acordo com o número dois do Governo, o orçamento para 2022 "é um dos mais desafiantes da história económica e social de Cabo Verde" e pretende aproveitar a tendência positiva do exterior, com o crescimento mundial previsto para 6% em este ano e 4,9% em 2022.

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