Carlos Sousa sai triste da autarquia

Carlos de Sousa explicou que sempre colocou o lugar à disposição do PCP e que sai a pedido do partido, de “consciência tranquila”, mas “triste”, confessando que foi apanhado de surpresa com a atitude do PCP, após quatro anos e dez meses à frente da autarquia. Apesar de aceder a sair da Câmara de Setúbal, o autarca demissionário fez saber que não pretende sair do partido e que vai continuar a ser militante.

Durante a sua intervenção, perante uma sala cheia de populares que o aplaudiram, Carlos de Sousa garantiu também não existir qualquer ligação entre a sua saída e o relatório elaborado pela Inspecção-Geral da Administração do Território que detectou alegadas irregularidades nas reformas compulsivas de dezenas de funcionários da autarquia.

A renúncia do até agora presidente da Câmara de Setúbal tem efeitos práticos a partir de 7 de Setembro. Com Carlos de Sousa, sai também da autarquia Aranha Figueiredo, vereador responsável pelo pelouro do urbanismo. O PCP, com quatro elementos, foi a força política mais votada em Setúbal nas eleições autárquicas de 2005, seguido do PSD (três vereadores) e do PS (dois vereadores).

PSD QUER ELEIÇÕES INTERCALARES

Alegando que Maria das Dores Meira não tem legitimidade política para assumir o cargo de presidente da Câmara de Setúbal, o PSD local, através do presidente da concelhia, Paulo Valdez, fez saber que vai tentar um entendimento com os socialistas para provocar eleições intercalares na autarquia.

O vereador e presidente da concelhia do PS de Setúbal, Catarino Costa, já respondeu a este repto afirmando que os socialistas só estarão disponíveis para ir a votos caso sejam os comunistas a provocar eleições intercalares, adiantando que é o PCP que tem de mostrar as soluções que tem para a actual crise na autarquia.

GOVERNO LAMENTA "AFIRMAÇÕES INFUNDADAS"

"Lamentam-se as afirmações infundadas do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Setúbal sobre matéria que a autarquia conhece estar sob investigação", diz a nota do gabinete do Secretário de Estado Adjunto e da Administração Local, Eduardo Cabrita, relativamente ao autarca demissionário Carlos Sousa, que hoje acusou o Governo e o PS de divulgarem para a comunicação social informações sobre as reformas compulsivas antes de informar a câmara.

O Governo pondera a possibilidade de divulgar as conclusões do relatório da IGAT, já remetido ao Ministério Público.