Como a Cambridge Analytics ajudou Trump a vencer as eleições
Funcionários da Cambridge Analytica divulgaram um PowerPoint interno que mostra as tácticas utilizadas para a campanha de Donald Trump.
Foi divulgada uma apresentação em que a Cambridge Analytica explicava como tinha utilizado o Google, o Snapchat, o Twitter, o Facebook e o Youtube para ajudar a eleger Donald Trump como 45º presidente dos EUA. O documento foi criado pelos responsáveis da empresa que acompanharam as eleições de 2016 e tem sido um dos cartões de visita para angariar novos clientes, informa o jornal The Guardian
O texto disponibilizado pelo site noticioso inglês começa com um auto-elogio feito pelos redactores do documento: "Quando começámos a trabalhar na campanha de Donald Trump não havia uma única infra-estrutra que trabalhasse com dados de comunicação".
A leitura da apresentação permite perceber que os anúncios foram visualizados "milhares de milhões de vezes". Este Power Point demonstrava que a empresa usa "dados em bruto", "modelização", "sondagens" e "análise analítica" para criar conteúdo para audiências específicas que terão, como fim partilhar os dados em "plataformas de media". No centro do slide em que isso é referido está o logótipo do Facebook.
Para a campanha de Donald Trump foram criados mais de 10 mil anúncios destinados a audiências específicas durante o período de campanha das eleições americanas. Esses anúncios terão sido vistos milhares de milhões de vezes, assegura a empresa.
"Toda a gente queria saber como é que tínhamos conseguido. Antigos clientes, futuros clientes. O mundo inteiro queria saber o como", explicou Brittany Kaiser, a funcionária que divulgou o documento, dizendo ainda que o mesmo foi apresentado a todos os trabalhadores da empresa nas diferentes sedes (Londres, Nova Iorque e Washington DC).
A mesma funcionária, que abandonou a empresa há cerca de duas semanas por "uma disputa contractual", explicou ainda que todos os clientes tinham de assinar um documento em como se comprometiam a não divulgar a informação a que tinham acesso nas reuniões.
Cambridge Analytica's 'Trump for President' debrief by The Guardian on Scribd
Birttany Kaiser revelou que no dia das eleições norte-americanas a empresa utilizou o Youtube para ter vídeo específicos consoante a localização dos utilizadores. Segundo a mesma funcionária, compraram, no dia das eleições, o maior espaço publicitário da plataforma: aparecer no topo da página principal do site. Um vídeo de apoio a Trump apareceu no dia das eleições a vários visitantes. Este vídeo era diferente consoante a localização dos mesmos.
O irónico na situação, relata Kaiser, é que esta publicidade só ficou disponível porque a campanha de Hillary Clinton desistiu da compra que tinha feito à Google porque estavam confiantes na vitória. "A Google telefonou-nos e disse que o espaço de anúncios estava disponível".
Um dos últimos slides conta como a campanha pagou ao Google Ads para implementar "publicidade persuasiva consoante as pesquisas". Este mecanismo fazia aparecer resultados de pesquisas, consoante os utilizadores, com links a favor de Donald Trump e contra Hillary Clinton. Um exemplo dado é como a empresa garantiu que quem pesquisasse "Trump Guerra do Iraque" encontrava primeiro, anúncios pagos, a dizer "Hillary votou a favor da Guerra do Iraque, Donald Trump opôs-se".
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