Fernão Pires junta-se ao Arinto
Muitos consumidores compraram o Hugo Mendes 2016 (Lisboa) sem conhecerem o vinho.
Hugo Mendes é um enólogo com trabalho sério feito a partir da casta Arinto na região de Lisboa. Não é ainda o que poderemos designar por ‘senhor Arinto’ (tipo Anselmo Mendes como o ‘senhor Alvarinho’), mas é um forte candidato.
Nos últimos anos andava encantado com a Fernão Pires, que é a casta branca mais plantada em Portugal, dando vinhos com perfil floral e frutado intenso, ainda por cima a bons preços.
Sucede que não é neste perfil que o enólogo está interessado. O que Hugo Mendes quer é explorar um caráter mais cítrico e mineral da casta, que aparece com o tempo, sendo certo que a associação da Fernão Pires com o Arinto dá vinhos interessantes e inusitados.
Se esta era a fórmula correta, só faltava uma coisa: dinheiro para fazer um vinho que bem pode ser um paradigma na região de Lisboa. E como é que Hugo Mendes arranjou a massa? De forma criativa, fez o vinho e colocou à venda ‘en primeur’ 800 garrafas deste Hugo Mendes Lisboa e com o dinheiro encaixado conseguiu engarrafar as 2300 garrafas da colheita de 2016. Nada mau.
Hábito francês, a venda ‘en primeur’ consiste na negociação de vinho antes do mesmo chegar ao mercado, sendo que os consumidores compram as garrafas por confiarem no percurso profissional do enólogo.
E os consumidores que compraram o vinho a preços muito interessantes (9 € quando o PVP atual é 15 €) fizeram um bom negócio.
Estamos perante um vinho que dá prazer beber agora, mas que vai seguramente evoluir muito bem em garrafa. Aliás, foi feito a pensar nisso mesmo.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt