Fundador do PS não acha reprovável Sócrates viver com dinheiro emprestado
Arons de Carvalho afirma ter tido dúvidas sobre a aliança do PS com os partidos à esquerda.
Arons de Carvalho, fundador do Partido Socialista aos 23 anos e agora mandatário nacional da terceira candidatura de António Costa ao cargo de secretário-geral, disse ao jornal i ter tido dúvidas sobre a aliança do PS com os partidos à esquerda mas ter ficado "agradavelmente surpreendido" com os resultados da geringonça. O antigo deputado defende, contudo, que que seria um "erro colossal" discutir os casos que envolvem José Sócrates e Manuel Pinho no próximo congresso do PS, no final de Maio. "O PS não deve pronunciar-se sobre questões que estão na Justiça. Nem a favor dos acusados, nem contra eles", disse em entrevista ao jornal.
Arons de Carvalho defende que o partido, ao contrário do que considerou a eurodeputada Ana Gomes, não deve aproveitar estes casos para reflectir "como se prestou a ser instrumento de corruptos e criminosos".
Defende, pelo contrário, que o PS deve aguardar as decisões da justiça.
"O PS deve aguardar serenamente aquilo que a justiça vai dizer", afirmou, evitando pronunciar-se sobre os casos. Contudo, fez uma consideração sobre o caso de Sócrates. "Não acho que seja reprovável uma pessoa viver com dinheiro emprestado de outra. Não é por isso que as coisas estão erradas, mas penso que as pessoas só se deviam pronunciar quando os casos estivessem julgados", defendeu.
O ex-deputado socialista criticou a eurodeputada Ana Gomes por se ter "antecipado" à Justiça, e feito "justiça pela própria palavra", quando disse que o partido devia aproveitar a oportunidade dos julgamentos de Sócrates e Pinho para "escalpelizar como se prestou a ser instrumento de corruptos e criminosos".
"Quer o Manuel Pinho, quer o José Sócrates, não foram ainda condenados. Temos de esperar sem intervir e sem comentar", ressalvou, ao elogiar a postura adoptada por António Costa na gestão deste dossier. "Se o António Costa acompanhasse as críticas ou acompanhasse a defesa estaria a interferir na justiça. A atitude mais sensata é deixar a justiça funcionar", afirmou.
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