Marido de portuguesa que perdeu bebé em Londres conta drama familiar

Márcio Gomes, marido de Andreia Perestrelo, madeirense de 37 anos e vítima do incêndio que tomou conta da Torre de Londres, deu o consentimento para o bebé fosse retirado da barriga da mulher.

O coração do bebé parou de bater, depois de Andreia ter entrado em coma, por ter inalado demasiado fumo dentro do apartamento do casal.

Perante a possibilidade de uma infeção mais grave se espalhar pelo corpo da mulher, e uma vez que Andreia estava em coma, Márcio Gomes teve de tomar a pior decisão da sua vida.

Quando o fogo se alastrou, na noite em que o prédio de Londres começou a arder, Márcio assumiu o papel de "super herói" e agarrou nas duas filhas e na mulher, envolvendo-as com toalhas molhadas. De seguida, foram levados para St. Mary’s Hospital, situado perto do local do trágico incêndio.

Depois de tomar a decisão, Márcio disse ao Sunday Telegraph que teve o bebé no colo e que "parecia que estava apenas a dormir". "Queria estar com ele, mas ele já tinha morrido", lamentou.

Quando Andreia acordou do coma, o marido teve de lhe contar tudo o que tinha acontecido. "Perdemos o bebé", disse à companheira.

Quando soube da notícia, Andreia preferiu não falar sobre o assunto. Um dia após o sucedido, decidiu ver o filho, a quem já tinha dado o nome de Logan Issac.

Megan, de 10 anos e Luana, de 12, filhas do casal, tinha arranjado tudo para a chegada do novo rebento, que aconteceria a dois meses da trágica situação. O pai diz que tudo isto "foi muito difícil para elas".

"Tive de pisar corpos"

Quando Márcio chegou ao último andar e preparava-se para sair do prédio, reparou que a sua filha mais velha, Luana, de 12 anos, não estava consigo. Na verdade, tinha desmaiado a meio do caminho, graças à excessiva inalação de fumo.

Ao The Sun, conta como tudo aconteceu. "Ela não conseguiu andar mais. Já estávamos a meio do caminho mas ela caiu, inconsciente, no chão", revela.

Os bombeiros conseguiram encontrar Luana e levá-la até ao pai. Toda a família foi levada para o hospital e foi devidamente tratada.

Andreia Perestrelo, que estava grávida de sete meses, foi colocada em coma induzido, uma vez que os médicos tinham ainda esperança em salvar o bebé.

"Tivemos de descer 21 andares de escadas. Não conseguia ver nada", adiantou Márcio. "Tive de pisar corpos, enquanto segurava nas minhas filhas e na minha mulher", continua.

Muitos moradores afirmaram não ter ouvido um único alarme de incêndio. A família Gomes, por exemplo, só descobriu a explosão às 2h30, quase uma hora e meia depois que começou.

"Eu disse-lhes que a minha mulher estava grávida, e que estava muito fumo, mas eles não enviaram ninguém para nos socorrer", conta Márcio.

Por volta das 4h30, as chamas invadiram todo o prédio. Foi aí que soube que tinha de salvar a família.