Membro da força local moçambicana mata mulher grávida e suicida-se
"O casal era feliz, pelo menos aos olhos dos cidadãos", declarou à Lusa Amina Daudo, tia da esposa do membro da força local.
Um membro da designada 'força local', que ajuda no combate ao terrorismo na província moçambicana de Cabo Delgado, baleou mortalmente a sua mulher, que estava grávida, e cometeu suicídio, disse esta quinta-feira fonte policial.
"Até este momento, só podemos conformar a ocorrência deste caso", declarou à comunicação social o porta-voz da Polícia da República de Moçambique em Cabo Delgado, Mário Adolfo, sem avançar mais detalhes.
O caso ocorreu no distrito de Ancuabe, que está localizado a cerca de 100 quilómetros de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado (norte do país).
Segundo uma fonte familiar, o caso ocorreu durante a noite de quarta-feira, mas é prematuro associar a causa da tragédia a motivos passionais, na medida em que o casal era aparentemente "feliz".
"Não sabemos o que aconteceu, mas o certo é que o casal era feliz, pelo menos aos olhos dos cidadãos", declarou à Lusa Amina Daudo, tia da esposa do membro da força local.
A mulher, uma professora de uma escola primária local, morreu no Centro de Saúde de Ancuabe.
A 'força local' é um termo usado em Moçambique em referência a grupos de antigos combatentes de libertação nacional e seus descendentes que se organizaram para lutar contra os grupos armados que aterrorizam Cabo Delgado há cinco anos.
Os combatentes obedecem ao comando das Forças Armadas de Defesa e Segurança de Moçambique, sendo a 'força local', de adesão voluntária, apoiada pelo Ministério da Defesa, com a vantagem de ser integrada por pessoas que conhecem a geografia da região em que o conflito ocorre.
Após críticas por vários segmentos da sociedade sobre o seu estatuto e legalidade, o parlamento aprovou em 15 de dezembro a revisão da lei da Defesa e das Forças Armadas de Moçambique (FADM), que legitima a atuação da "força local".
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt