Nova administração da CGD diz que reestruturação não pode falhar

Novos administradores enviaram uma carta aos trabalhadores.

01 de fevereiro de 2017 às 16:47
Rui Vilar, CGD, Paulo Macedo, Paulo Macedo Foto: Lusa
Paulo Macedo Foto: Duarte Roriz

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Os novos presidentes da Caixa Geral de Depósitos (CGD) enviaram esta quarta-feira uma carta aos trabalhadores na qual consideram que a recapitalização e reestruturação do banco é uma "oportunidade" que não pode falhar e que dificilmente voltará a acontecer.

"A capitalização e a reestruturação da Caixa é uma grande oportunidade que nos é dada e todos temos de colaborar nesse processo de relançamento da instituição como uma referência no financiamento da economia nacional", disseram o presidente do Conselho de Administração da CGD, Rui Vilar, e o presidente da Comissão Executiva, Paulo Macedo, na carta a que a Lusa teve acesso.

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Para os responsáveis do banco público que hoje iniciaram funções, a tarefa que agora arranca é de "uma grande responsabilidade", uma vez que "o país está a realizar um investimento elevado na Caixa numa época de recursos mais escassos", referindo-se ao aumento de capital do banco, num montante de cerca de 5.000 milhões de euros, dos quais 2.700 milhões de injeção direta do Estado.

Por isso - acrescentam -, o país "exigirá justamente que o mesmo seja bem aplicado e, se falharmos, dificilmente nos era dado outra oportunidade equivalente".

Para realizarem o trabalho que se segue, Rui vilar e Paulo Macedo pedem "grande envolvimento" e "energia" dos trabalhadores, tanto na recapitalização do banco, que já se iniciou, como na "melhoria dos serviços" prestados aos clientes.

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"Por último, manifestamos a nossa firme convicção de que todos em conjunto saberemos dar uma resposta efetiva ao que nos é exigido pelo país, tributário primeiro de todo o nosso esforço numa instituição que a todos pertence e para todos terá de ficar os seus esforços e a sua dedicação sem limites ou hesitações", concluem os dirigentes do banco público.

A nova administração da Caixa Geral de Depósitos entrou hoje em funções, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter dado a necessária 'luz verde' aos membros que a integram.

A nova equipa de gestão é composta por oito elementos, dos quais apenas uma é mulher, tem o ex-ministro da Saúde Paulo Macedo como presidente da Comissão Executiva e Rui Vilar como presidente do Conselho de Administração.

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Francisco Cary (que já renunciou ao cargo de vogal do Conselho de Administração do Novo Banco), João Tudela Martins (que integrava a equipa de António Domingues), José de Brito (quadro da Caixa), José João Guilherme (ex-administrador do Novo Banco), Maria João Carioca (antiga presidente da bolsa de Lisboa) e Nuno de Carvalho Martins (que sai do gabinete do secretário de Estado do Tesouro e Finanças) completam a lista de nomes propostos pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, que Frankfurt aprovou.

Esta nova administração da CGD sucede à liderada por António Domingues, que entrou em funções no final de agosto passado, mas que sairia no final de 2016 na sequência de várias polémicas, nomeadamente da possibilidade de não entregarem as declarações de património e rendimento junto do Tribunal Constitucional.

A CGD está agora em processo de recapitalização que servirá para que o banco assuma maiores níveis de imparidades (perdas potenciais, nomeadamente com créditos), cumpra rácios de capital (indicadores de solvabilidade da instituição) mais exigentes e ainda faça face aos custos de reestruturação.

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Prevê-se que o banco entre num processo de mudança comercial e operacional, que incluirá a saída de mais de 2.000 trabalhadores nos próximos anos, nomeadamente através de acordos mútuos.

A Lusa contactou a comissão de trabalhadores da CGD sobre a carta hoje enviada pela nova administração, tendo o coordenador, Jorge Canadelo, considerado que esta é "motivadora", mas afirmado que também seria importante que fossem dados sinais aos trabalhadores de que os seus esforços serão recompensados.

"Nunca houve da parte dos trabalhadores da Caixa o virar a cara às necessidades da empresa (...). Os trabalhadores sentem que devia haver um sinal e que devia acabar a estagnação destes anos todos", afirmou o coordenador da CT, referindo-se ao facto de nos últimos anos ter havido cortes nas remunerações e de as progressões na carreira estarem congeladas.

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O representante da estrutura representativa dos trabalhadores da CGD pede ainda que seja completamente aplicado o Acordo de Empresa e diz que já foi pedida uma reunião à nova administração precisamente com o intuito de expor as preocupações laborais.

Jorge Canadelo lamentou ainda que a administração da CGD se refira aos trabalhadores como "colaboradores", afirmando que se trata de uma troca de palavras com o objetivo psicológico de "afastar os trabalhadores do fundamental, que é seu vínculo laboral".

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