ONG acusa órgão eleitoral moçambicano de querer recensear "305 mil eleitores fantasmas"

"Mais uma vez, o STAE de Gaza não está a usar as previsões emitidas pelo Instituto Nacional de Estatística", diz a ONG.

22 de maio de 2023 às 18:56
Moçambique Foto: Aldemiro Bande/Getty
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O Centro de Integridade Pública (CIP), organização não-governamental moçambicana, acusou esta segunda-feira o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) de pretender recensear "305 mil eleitores fantasmas" na província de Gaza para as eleições autárquicas de outubro.

"Parece que a novela se vai repetir: o INE [Instituto Nacional de Estatística] prevê o recenseamento de 517 mil potenciais eleitores, mas o STAE de Gaza está a projetar recensear 822 mil", refere o CIP, num boletim que publicou hoje sobre o registo de votantes na província, no sul do país.

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A organização não-governamental é uma das que destacou observadores para os postos de recenseamento abertos desde 20 de abril e até 03 de junho.

"Mais uma vez, o STAE de Gaza não está a usar as previsões emitidas pelo Instituto Nacional de Estatística", que conduz os estudos sobre demografia, "mas as suas próprias projeções usadas nas eleições de 2019", acusa a ONG.

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Em 2019, o então presidente do INE, Rosário Fernandes, considerou inflacionados os números de eleitores registados pelos órgãos eleitorais em Gaza, um bastião da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.

Algum tempo depois, Fernandes foi exonerado do cargo, após uma reprimenda, em público, do Presidente da República.

Indiferente à contestação de organizações da sociedade civil e analistas, Filipe Nyusi acusou o INE e Rosário Fernandes de quererem "brilhar sozinhos", ao apresentarem, publicamente, dados e projeções da população de Gaza que refutam o apuramento dos órgãos eleitorais.

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De acordo com o CIP, a situação repete-se e a oposição queixa-se de não estar a ter acesso aos números de eleitores inscritos naquela província. 

Aquela ONG diz que contactou o diretor provincial do STAE de Gaza, Mário Cossane, para se pronunciar sobre o assunto, mas o responsável declinou falar.

A Lusa não conseguiu uma reação dos órgãos eleitorais à acusação do CIP.

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As próximas eleições autárquicas em Moçambique estão marcadas para 11 de outubro e os órgãos eleitorais preveem o registo de cerca de 10 milhões de votantes.

 

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