Penedono sossega o espírito
O castelo é o ex-líbris da vila da Beira Alta.
Visitar Penedono é um desafio para quem não está habituado à tranquilidade do campo nem à natureza em estado puro. Todo o concelho é um prodígio da natureza e os seus habitantes, cada vez menos, muito menos, são um exemplo de como é possível resistir num território que vive sobretudo da agricultura e que maioritariamente é ocupado por pedra, muita pedra.
Localizada em zona de fronteira entre a Beira Alta e Trás-os-Montes, Penedono é conhecida por ter sido berço do célebre Álvaro Gonçalves Coutinho, conhecido como ‘o Magriço’, um dos Doze de Inglaterra, guerreiro referenciado na obra ‘Os Lusíadas’ muito por culpa da sua valentia e espírito de aventura.
E um dia passado em Penedono tem de ser vivido com alguma aventura, desde logo trepando o imponente castelo, erguido no século XI a quase mil metros de altitude.
A sua forma triangular concede-lhe um toque original, assim como a arquitetura militar, ou não tivesse sido um importante edifício de defesa nacional há muitos séculos. De seguida, desça de novo à vila e descanse junto ao pelourinho, antes de uma visita demorada à igreja matriz, outro testemunho histórico importante.
De resto, na vila há outros monumentos e solares construídos à base de granito, a matéria-prima mais utilizada para a edificação de habitações, mesmo as da época moderna. Mas a maior potencialidade deste concelho do Norte do distrito de Viseu é, sem dúvida, a natureza, composta por campos férteis, onde não faltam extensos pastos para os animais se alimentarem e castanheiros de grande porte - a castanha é outra fonte de rendimento dos agricultores.
De volta à pedra, debrucemo-nos sobre os ancestrais monumentos megalíticos espalhados um pouco por todas as freguesias do concelho: dólmen de Pendão, dólmen do Telhal em Pedras Estantes, menir de Penedono, necrópole megalítica de Lameira de Cima, em Antas, dólmen da capela de Nossa Senhora do Monte, em Penela da Beira, Núcleo Arqueológico do Vale de Maria de Pais, em Antas, e dólmen da Lapinha, em Penela da Beira.
Nos povoados onde cada vez vive menos gente, as igrejas e as capelas estão recheadas de arte sacra, nas suas expressões plásticas e de paramentaria.
Os santos padroeiros são o motivo principal para as festas ao longo do ano nas freguesias. Nessa altura, as janelas ficam engalanadas com as melhores rendas e toalhas.
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