Portugueses na corrida da vacina contra o dengue
Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto é o parceiro português do consórcio internacional.
Cientistas portugueses estão na corrida para a criação de uma vacina contra doenças como o dengue, Zika, febre amarela e e vírus do Nilo Ocidental, que todos os anos matam cerca de cem mil pessoas.
O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) é o parceiro português de um consórcio internacional, no âmbito de um projeto financiado com mais de oito milhões de euros pela União Europeia através do programa HORIZON-RIA – Research and Innovation Actions.
O consórcio internacional integra especialistas de virologia, imunologia, biotecnologia e saúde pública de dez instituições de sete países europeus e dos Estados Unidos. Nos próximos três anos irão desenvolver uma vacina inovadora, designada Flavivaccine, contra flavivírus transmitidos por mosquitos.
"O i3S foi convidado a juntar-se como 'membro de excelência' na sequência do concurso “HopON” da Comissão Europeia, devido à experiência do grupo liderado por Joana Tavares em infeções transmitidas por mosquitos, e irá receber 540 mil euros para desenvolver a sua participação", divulgou fonte da Universidade do Porto.
"Atualmente não existem vacinas eficazes contra vários flavivírus transmitidos por mosquitos com potencial pandémico e, nos casos em que estas existem (como a vacina contra o dengue), têm muitas vezes limitações em termos de segurança, eficácia ou acessibilidade", explicou a investigadora do i3S e Professora Auxiliar do ICBAS, Joana Tavares, que vai liderar a equipa portuguesa. O Flavivaccine, garante, "tem potencial para resolver estas questões, proporcionando uma plataforma segura, eficaz, flexível e de rápida aplicação".
Segundo Joana Tavares, esta proposta de vacina é de largo espetro e oferece uma abordagem preventiva alargada e mais segura, atuando na fase inicial da infeção resultante do contacto com o mosquito. O Flavivaccine tem como alvo componentes da saliva do mosquito. No final do projeto, garante a Investigadora, "pretendemos ter uma vacina candidata pronta para entrar em desenvolvimento clínico".
Nesta altura, estima-se que estas doenças (dengue, Zika, febre amarela e vírus do Nilo Ocidental) afetem anualmente cerca de 500 milhões de pessoas e causem mais de 100 mil mortes em todo o mundo. Mas, devido ao aquecimento global, os habitats dos mosquitos vetores (Aedes e Culex) estão a expandir-se para a Europa e para a América do Norte e o risco de surtos e epidemias de flavivírus tem vindo a aumentar de forma significativa. Quase toda a população humana está em risco de infeção por flavivírus, pelo que é urgente agir preventivamente e antecipar estratégias de vacinação, antes que as epidemias sejam cada vez maiores e mais frequentes e evoluam para pandemias.
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