Quase metade dos participantes na Web Summit são mulheres

Elas são um terço das oradoras da cimeira, mas só 8% das empresas mais inovadoras estão em mãos femininas.

08 de novembro de 2017 às 13:29
Mulheres, web summit, oradoras, participantes, lisboa, Margrethe Vestager Foto: António Cotrim/Lusa
Mulheres, web summit, oradoras, participantes, lisboa, Gillian Tansis, booking Foto: Getty Images
Mulheres, web summit, oradoras, participantes, lisboa Foto: Mário Cruz/Lusa

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Quase metade dos participantes e mais de um terço dos oradores da cimeira de tecnologia e empreendedorismo Web Summit, que decorre até quinta-feira em Lisboa, são mulheres, anunciou esta quarta-feira a organização.

Em comunicado, a organização justifica que os resultados se devem, em parte, à iniciativa Women in Tech, lançada pela organização há dois anos para aumentar o número de mulheres a participar no evento, vindas de todo o mundo.

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Este ano, o "compromisso para a mudança" levou a um rácio de 42% de mulheres, entre as quais "milhares de empreendedoras, fundadoras e diretoras [de empresas], entre outras participantes que aproveitaram o programa [Women in Tech] para ter desconto nos bilhetes", de acordo com a organização.

Já a percentagem de mulheres oradoras aumentou para 35,4% em "múltiplos palcos", aponta a organização, notando que, normalmente, os eventos de tecnologia só têm 20% de mulheres a discursar.

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Citada no comunicado, a responsável pela área da imprensa da Web Summit, Eleanor McGrath, observa que estes números são "um marco", mas que ainda assim podem ser aumentados.

A Web Summit decorre até quinta-feira, no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), em Lisboa.

Segundo a organização, nesta segunda edição do evento em Portugal, participam 59.115 pessoas de 170 países, entre os quais mais de 1.200 oradores, duas mil 'startups', 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.

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A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Lisboa por três anos, com possibilidade de mais dois de permanência na capital portuguesa.

Só 8% dos donos de empresas inovadoras são mulheres

Um estudo apresentado esta quarta-feira na cimeira de tecnologia Web Summit aponta que existem apenas 8% de mulheres no universo das 100 firmas que a empresa 'Crunchbase' considerou serem as "mais inovadoras do mundo".

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Durante a palestra que decorreu esta quarta-feira num dos pavilhões da Feira Internacional de Lisboa, onde decorre a Web Summit, foram apresentados os resultados de um estudo sobre o papel das mulheres nos negócios, realizado pela empresa 'Crunchbase', que recolhe habitualmente informação sobre "as mais inovadoras empresas do mundo".

A chefe de 'marketing' da empresa, Alexandra Mack, esteve presente no painel, e apresentou os dados do relatório de 2017.

Depois de traçarem uma lista das 100 firmas de topo, a análise permitiu concluir que "a percentagem de mulheres parceiras nas empresas subiu de 7% para 8%", ou seja, 64 num universo de 752 pessoas, sendo que "oito das 100 firmas admitiram uma mulher pela primeira vez" no último ano e meio.

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"Dezasseis pequenos fundos foram fundados por mulheres nos últimos três anos, o que representa 21% das novas firmas criadas nesta categoria", aponta o estudo.

Em termos de investimentos, a análise refere que "10% dos fundos foram aplicados em 'start-ups' com pelo menos uma mulher entre os seus fundadores".

Neste sentido, Alexandra Mack referiu que "as empresas de capital que contam com mulheres tendem a investir mais em 'start-ups' criadas por mulheres".

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O terceiro dia da cimeira contou com um painel dedicado especialmente à análise do equilíbrio de géneros na liderança das empresas e nos investimentos e, que juntou três oradoras: Susana Quintana-Plaza, Alexandra Mack e Sarah Morgan, em representação dos empreendedores, dos investidores e do corporativo.

Também presente no painel, a investidora Susana Quintana-Plaza considerou que as duas razões que levam a que as mulheres não tenham sucesso na indústria da tecnologia passam pelo facto de "as mulheres não serem instadas a ter mais confiança e tomarem mais riscos", ao contrário do que acontece com os homens, que "tendem a ser mais confidentes e agressivos, o que tem influência quando chega a hora de serem contratados".

Na sua opinião, homens em posições de poder também tendem a contratar outros homens, porque estes "pensam e agem de igual forma", questão que Susana criticou.

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"Odeio quando me pedem que tenha características de homem. Têm de aceitar que as pessoas são diferentes, e só assim é que podem aprender umas com as outras", advogou a investidora.

Dirigindo-se às mulheres, Susana disse-lhes para se "projetarem como boas líderes e olharem para o potencial que têm", sendo que o segredo para o sucesso é "acordar todas as manhãs e pensar que arrasa".

O painel contou também com a intervenção de Sarah Morgan, fundadora e diretora da ?Girl Geek Academy', que defendeu que "num mundo dominado por homens, a mudança e a criação de oportunidades para as mulheres tem de partir de ambos os lados".

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Instada a deixar um conselho a todas aqueles que assistiam à palestra, Sarah vincou: "Acreditem em vocês mesmas". Já aos homens, foi taxativa: "Contratem mais mulheres, vai valer a pena".

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