Louis J. Marinelli está a ultimar esforços para oficializar a sua candidatura a governador da Califórnia
O cofundador do movimento separatista 'Calexit', Louis J. Marinelli, acredita que é possível declarar a Califórnia como um país independente se os eleitores quiserem e uma maioria dos outros estados consentir a secessão.
"Está na altura de a Califórnia ser um país independente e estabelecer relações diretas com a Europa, com a Ásia e os outros continentes", disse Marinelli, em entrevista à Lusa.
"Somos uma sociedade distinta e está na hora de o mundo reconhecer isso", vincou.
Louis J. Marinelli está a ultimar esforços para oficializar a sua candidatura a governador da Califórnia, uma vez que os eleitores serão chamados em breve a decidir se o atual governador Gavin Newsom mantém o mandato ou este é revogado.
"A minha candidatura centra-se numa ideia, a de declarar a Califórnia um país independente", resumiu Marinelli, que acrescentou: "As pessoas vão perceber que o fundador da 'Calexit' está a candidatar-se a governador e um voto nele é um voto pela independência".
Em termos legais, o Supremo Tribunal barrou em 1869 a secessão unilateral, mas considerou que esta é possível "através de uma revolução ou do consentimento dos estados". Louis Marinelli afirma que a decisão deste caso, Texas 'versus' White, contém a chave para a declaração da Califórnia como país independente.
"Acreditamos que há muitos estados que poderão aceitar que a Califórnia saia se quiser", indicou.
"Se você for a sítios como Texas, Kentucky ou Louisiana e perguntar quais os problemas que a América tem, as pessoas apontam para a Califórnia", destacou.
O pendor progressista do estado, onde o Partido Democrata controla a legislatura e quase todos os assentos pela Califórnia na Câmara dos Representantes, granjeou-lhe ódios de estimação noutras partes do país, que "não quer que as ideias da Califórnia se espalhem".
"Os conservadores da América republicana estão sempre a dizer que querem que a Califórnia saia, que caia no oceano", disse Marinelli.
"Não pensamos que seria muito difícil obter o consentimento de 25 estados para a secessão", apontou.
Depois de alguns anos a projetar um referendo sobre a independência, a campanha 'Calexit', materializada no grupo Yes California, vê agora na decisão sobre o mandato de Gavin Newsom a oportunidade de levar a ideia a votos.
"Acreditamos que esta será a primeira vez na história que os californianos terão a oportunidade de votar na independência", afirmou Marinelli, que se apresenta como um candidato anti-Washington, D.C. e anti-Sacramento, onde se encontra o capitólio [poder legislativo] do estado.
"A nossa campanha é anti-Washington porque já não queremos viver sob a bandeira americana", disse, acrescentando que também não apoiam Sacramento porque "a Califórnia tem de mudar de rumo".
Marinelli considerou que há várias vantagens na independência, sendo uma das mais imediatas a conservação das receitas de impostos dentro do estado. Com perto de 40 milhões de habitantes e a sexta maior economia do mundo, a Califórnia é o estado mais rico, com um Produto Interno Bruto (PIB) de 3,09 biliões de dólares (2,55 biliões de euros).
"Os californianos sairão das missões militares dos Estados Unidos, vão deixar de subsidiar o orçamento militar dos EUA e vão deixar de subsidiar outros estados no país, muitos dos quais odeiam a Califórnia", frisou.
"Os típicos residentes da América conservadora não gostam da Califórnia. Estão a morder a mão que os alimenta e de forma literal, porque a Califórnia fornece muita da comida que alimenta o resto do país. Não apreciamos isso", acusou.
Como resultado, disse, as receitas fiscais serão usadas em itens mais importantes na lista de prioridades dos californianos, como saúde, educação e infraestrutura: "A independência abre os cordões a essa bolsa, para fazermos tudo o que queremos na Califórnia", afirmou.
Além disso, um país independente poderá negociar novos acordos comerciais, menos complexos e mais vantajosos: "A Califórnia fornece tantos recursos diferentes na indústria agrícola que penso que muitos países estariam abertos à ideia de negociar diretamente com o fornecedor, em vez de trabalharem com o intermediário em Washington, D.C."
A Califórnia fornece, por exemplo, 80% das amêndoas consumidas em todo o mundo.
O 'Calexit' começou ainda durante a presidência de Barack Obama, em 2015, inspirado pelo movimento separatista escocês, mas ganhou visibilidade com a eleição de Donald Trump. No entanto, o espetro de ligações familiares e profissionais de Marinelli à Rússia tirou fulgor à campanha, que está agora a ser retomada.
"Atraímos muito apoio dos progressistas, porque defendemos valores progressistas, e também temos apoio de conservadores, que querem que Sacramento mude", caracterizou Marinelli. No geral, o Yes California assume-se como um grupo de centro-esquerda.
A oportunidade de Marinelli se candidatar a governador surgiu com a aprovação de uma iniciativa de remoção de Gavin Newsom, democrata que tomou posse em janeiro de 2019.
A contestação a Newsom cresceu durante a pandemia e foram recolhidas mais de 1,7 milhões de assinaturas para o remover, algo que será decidido pelos eleitores numa votação que ainda não tem data marcada.
Nessa altura, os eleitores poderão dizer sim ou não à remoção e escolher um candidato que o substitua. A votação poderá custar 400 milhões de dólares.
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