Cândida Ventura, de 97 anos, autora do livro "O socialismo que eu vivi", morreu esta quarta-feira, no Hospital do Barlavento, em Portimão, no Algarve, informou a editora Bizâncio, que reeditou aquela obra em 2012.
Cândida Ventura nasceu a 30 de junho de 1918, em Lourenço Marques, atual Maputo. Em 1937, matriculou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, nesse mesmo ano, ingressou no Partido Comunista Português.
Ativista das lutas académicas de 1937 a 1939, participou também nas manifestações e greves de 1941.
Trabalhou com Álvaro Cunhal (1913-2005), fez parte do Bloco Académico Antifascista (BAAF), organização clandestina criada em finais de 1935, que visava combater o Governo da ditadura de António de Oliveira Salazar (1889-1970), e foi a responsável do Socorro Vermelho Internacional, na sua Faculdade.
Fez parte da Associação Feminina Portuguesa para a Paz e do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, e foi redatora no jornal O Diabo, fundado em junho de 1934, sob a direção de Artur Inês, "de cariz essencialmente artístico e literário", que também incluía "rubricas de política, economia, cinema", mostrando-se ainda "aberto à ciência", segundo informação do projeto Casa Comum, da Fundação Mário Soares.
Em 1943, terminada a licenciatura, Cândida Ventura "passou à clandestinidade, como funcionária do PCP e, em 1949, tornou-se membro do Comité Central" do partido, segundo a editora Bizâncio.