Incêndios que deflagraram no concelho queimaram uma área de cerca de 8.000 hectares de floresta, mato e propriedades agrícolas.
Os incêndios que lavram em Vila Pouca de Aguiar já deixaram um rasto de destruição e prejuízos: Leopoldo perdeu um armazém e o negócio de flores, António viu destruir pinhal e castanheiros e Tiago cerca de 100 colmeias.
António Silva, 65 anos, está de plantão junto a um pinhal que ardeu na aldeia de Vilela da Cabugueira, freguesia de Bragado. De madrugada foi alertado para um reacendimento e, conjuntamente com o filho e o neto, conseguiu travar a progressão das chamas.
"Continuamos aqui a trabalhar para que isto não pegue outra vez e expanda o fogo para outros lados", afirmou à agência Lusa.
Com um trator com uma cisterna espalharam água e fizeram também "corta matos", cavando a terra para cortar o mato.
Há dois dias que António Silva não descansa por causa da ameaça dos incêndios que deflagraram em Vila Pouca de Aguiar, distrito de Vila Real.
"Isto tem sido um inferno", disse, calculando um prejuízo muito elevado já que lhe arderam cerca de seis hectares de floresta de onde retirava rendimento, através das cortiça, madeira e lenha para venda, bem como cerca de 300 castanheiros.
Disse que o mais importante foi o fogo não ter chegado a sua casa e garantiu que não vai baixar os braços. "Tornar a plantar tudo de novo vai ser um bocado difícil, mas vou replantar tudo, só se a saúde não me der hipótese", sublinhou.
O presidente da Junta do Bragado, João Videira, disse que arderam terrenos baldios e privados ocupados com pinheiro bravo e sobreiras, terrenos agrícolas com árvores de fruto.
"Em Vilela da Cabugueira ardeu cerca de 80% da área da aldeia, arderam muitos hectares", frisou, salientando que os populares se empenharam na proteção dos seus bens, numa altura em que os operacionais no terreno não eram suficientes para tantas ocorrências.
Foi, disse, "o possível". "Fez-se muito trabalho, embora tenha ardido muita área".
Leopoldo Chousal, 65 anos, viu arder um armazém, em Sabroso de Aguiar, onde tinha o escritório da empresa de importação e exportação de flores e hortícolas, documentação, máquinas, empilhadoras, arcas frigoríficas grandes e plantas.
"Tudo, tudo o que se utiliza numa empresa ficou destruído, irrecuperável", afirmou o empresário espanhol, que se instalou nesta localidade em 1995.
Leopoldo Chousal calcula um prejuízo na ordem dos 450 a 500 mil euros.
"A verdade é que estou um pouco confuso, fiquei paralisado quando vi que o incêndio estava ali à frente e não conseguia fazer nada. Por isso vou a Espanha passar uns dias para ver se me recupero, mas não sei o que vou fazer da minha vida", frisou.
A empresa trabalha com cerca de 60 agricultores, escoando as suas produções para Espanha.
"Ainda não fiz o apanhado total, mas morreram muitos enxames e à volta de cem colmeias", afirmou Tiago Salgueiro, 43 anos, que se dedica à apicultura, na freguesia de Telões, como um complemento da sua atividade.
E, para as colmeias que sobreviveram, explicou que vai ser preciso proceder à sua alimentação.
"A maior perda foi mesmo a fauna e a flora, foi a vegetação que, durante os próximos dois a três anos, vai ser quase zero. Foram duas serras que arderam todas. Isso foi o maior prejuízo", disse.
O presidente da Junta de Telões, Luís Sousa, disse que esta freguesia "perdeu praticamente todo o seu perímetro florestal" e que os produtores ficaram "com zero pasto" para os animais, classificando a situação como "muito preocupante".
Foi nesta freguesia, na aldeia de Zimão, que uma casa ardeu, deixando um homem na casa dos 50 anos desalojado.
Luís Sousa referiu que o homem está temporariamente em casa do irmão.
"As casas ficaram todas em risco, porque aquilo era qualquer coisa de outro mundo. Só visto", contou, referindo que esta foi a aldeia "mais fustigada".
Um relatório preliminar indica que os quatro incêndios que deflagraram no concelho de Vila Pouca de Aguiar na segunda-feira queimaram uma área de cerca de 8.000 hectares de floresta, mato e propriedades agrícolas.
Esta quinta-feira mantêm-se ativo o fogo em Sabroso de Aguiar que, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, está a ser combatido por 124 operacionais, com o apoio de 40 viaturas.
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