Portugal cresce com base no consumo e nas exportações
Em 2024 o crescimento só não foi nulo na Zona Euro porque "tivemos no segundo trimestre um contributo forte da componente de gastos públicos", disse Cristina Brízido.
"Teremos um abrandamento do crescimento económico, que já é sentido, mas este nível de crescimento vai manter-se em níveis robustos nos Estados Unidos, após um ano muito forte de 2023. Nota-se já um abrandamento nesse crescimento na área Euro, mas com uma dinâmica distinta, depois de um ano de 2023 de estagnação observa-se um crescimento ainda que tímido no ano de 2024", afirmou Cristina Brízido, presidente do Conselho de Administração da Caixa Gestão de Ativos, na sua intervenção sobre as tendências económicas e os mercados financeiros, no Encontro Fora da Caixa dedicado ao tema "Fundos Comunitários e a Transformação do Tecido Económico de Portugal", uma iniciativa da CGD, que contou com o CM como media partner exclusivo.
Nos Estados Unidos este crescimento é muito suportado pela variável de consumo privado e o investimento, enquanto na área Euro a componente que contribui mais é da procura externa. Ao longo deste ano, "o crescimento só não é nulo na Zona Euro porque tivemos no segundo trimestre um contributo forte da componente de gastos públicos", disse Cristina Brízido.
Portugal, neste enquadramento da área Euro, tem uma dinâmica distinta "uma vez que se perspetiva que continua a apresentar um dinamismo crescente até ao final do ano, o que resulta em larga medida da evolução projetada para o consumo privado que tem sido forte, e também para o setor das exportações", considera Cristina Brízido.
Os problemas da China
Salientou haver incerteza na economia chinesa já que começa a aumentar a probabilidade de não ser atingido no ano 2024 o objetivo de 5%. Calcula-se que atualmente, na melhor das hipóteses, ficará entre 4,7 e 4.8%. Segundo Cristina Brízido, "os indicadores macroeconómicos mostram um dinamismo bastante forte do setor da indústria, que está muito apoiada pelo Estado, mas os eventos recentes no setor imobiliário têm condicionado muito negativamente à atuação do consumidor que tarda em recuperar. Por isso, a economia chinesa atualmente debate-se entre estas duas forças opostas".
O enquadramento macroeconómico é marcado pelo abrandamento de crescimento, um processo desinflação gradual e uma maior flexibilidade dos bancos centrais em conduzir a sua política monetária. O comportamento dos mercados financeiros, à semelhança de 2023, continua a ser um ano muito forte das ações nos Estados Unidos. "Os índices atingiram máximos históricos, mas nas outras zonas geográficas registam-se valorizações superiores a 10%. Na componente de obrigações de risco de crédito, também há valorizações e mais recentemente com o corte de taxas dos bancos
centrais temos também rendibilidades positivas no investimento em obrigações de dívida pública", disse Cristina Brízido. Perspetiva-se que as Euribor deverão evidenciar a tendência descida.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt