Sem imigração o PIB de Portugal cai abruptamente
Paulo Moita de Macedo salientou as ondas protecionistas significativas no cenário mundial e alertou que Portugal, como país exportador, beneficia mais com os mercado abertos.
"A Caixa Geral de Depósitos não se põe a adivinhar quais serão as taxas de juro. Acreditamos que poderá haver mais um ou dois cortes de taxas este ano e que, se a economia continuar assim, poderá haver mais três ou quatro cortes para o ano. Depois não deverá muito mais cortes. Se o objetivo da inflação é 2%, as taxas de juro deveram andar à volta de 2,5%. Se não houver nenhum fator extraordinário será este o comportamento", explicou Paulo Moita de Macedo, presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), no Encontro Fora da Caixa dedicado ao tema "Fundos Comunitários e a Transformação do Tecido Económico de Portugal", uma iniciativa da CGD, que contou com o CM como media partner exclusivo.
"Não podemos dizer que a imigração é um problema, porque sem imigração o PIB de Portugal caia abruptamente. Na imigração, o que se pode discutir é a sua composição, a qualificação, os países de origem, porque precisamos de imigração tal como outros países", disse Paulo Moita Macedo.
A produtividade decresce em vários países europeus por diversas razões, mas existe um gap significativo entre Portugal e os outros países da zona Euro. Um dos fatores é o investimento, pois não se pode ter maiores produtividades sem maior capital intensivo, mais investimento por trabalhador. "Contudo, o investimento não explica tudo. Há outros fatores que explicam e influenciam o crescimento do Produto Interno Bruto e a McKinsey aponta que um quarto do crescimento é explicado pelo nível de investimento, o restante é influenciado por outros fatores como a qualidade das instituições", sublinhou o presidente executivo da CGD.
Revolução tecnológica
Salientou as ondas protecionistas significativas no cenário mundial e alertou que Portugal, como país exportador, beneficia mais com os mercado abertos. Na questão da competitividade, observou que Portugal é um país de PME, que são indispensáveis. No entanto, há uma consciência crescente de que "precisamos de empresas de maior dimensão para competir, pois estas acrescentam mais valor, geram mais emprego, investem mais em investigação e desenvolvimento e pagam melhores salários."
O presidente executivo da CGD sublinhou ainda o impacto da revolução tecnológica, revelando que "os bancos fazem hoje 89% do seu negócio por meio de meios digitais, 11% do seu negócio através dos balcões, em termos de transações com as pessoas". Referiu ainda o impacto da Inteligência Artificial (IA). "Em 2023 a nossa assistente digital atendeu 3 milhões de chamadas, falou com 1,5 milhões de clientes e resolveu as suas questões", disse Paulo Moita de Macedo. Revelou ainda que os bancos mais avançados resolvem 80% das reclamações com a IA. Mas avisou que, apesar de o desenvolvimento exponencial da Inteligência Artificial e dos produtos e serviços, "é preciso também ter noção que o desenvolvimento de produtos e serviços demora tempo".
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