Foi perante uma plateia de aproximadamente 200 mil pessoas que se realizou, em dois continentes, um dos maiores eventos solidários a que o Mundo alguma vez assistiu. O festival Live Aid - que decorreu em Filadélfia, nos Estados Unidos, e em Londres, no Reino Unido - juntou os maiores nomes do Rock a nível mundial e permitiu angariar perto de 166 milhões de euros com o objetivo de acabar com a fome na Etiópia.
A referência ao 'Dia Mundial do Rock' nasceu nessa mesma data, 13 de julho de 1985. Phil Collins, vocalista e baterista dos Genesis, que participou no evento - tanto nos EUA como no Reino Unido -, expressou o desejo de apelidar aquele como o 'dia do Rock'.
Setembro de 1980. O Rock em Portugal dava os seus primeiros passos ao ritmo de 'Cavalos de Corrida' dos UHF. Do outro lado do Mundo chegavam os já vedetas Ramones, com seis discos na bagagem e prontos para apresentar 'End of the Century' ao público português.
A estreia destes nova-iorquinos em Portugal aconteceu a 22 de setembro, no Porto, com os concertos a repetirem-se nos dois dias seguintes no pavilhão Dramático em Cascais. A abertura dos eventos ficou a cargo dos UHF.Abril de 1981. 'Chiclete' era um dos temas de eleição nas rádios portuguesas, especialmente nos programas dedicados ao Rock. Os Táxi eram uma das referências da nova música em Portugal, ao lado de nomes como UHF, Rui Veloso e Xutos & Pontapés.
Ainda nem em Lisboa tinham tocado e os portuenses acabaram por ser convidados para fazer a abertura do concerto de The Clash no pavilhão Dramático de Cascais. Uma estreia para mais de 9 mil pessoas - segundo reportagens da época - com um cachet a rondar os... 15 mil escudos, 75 euros nos dias de hoje.
Na manhã do concerto, os Táxi aproveitaram ainda para gravar o teledisco de 'TVWC', recordou o vocalista dos Táxi, João Grande.
Mas o grande segredo para o sucesso que viria a ser aquela noite em Lisboa foi... a garrafa de vinho. António Pinho, produtor dos portuenses, ofereceu uma 'bela pomada' ao técnico de som dos The Clash e a verdade é que a qualidade sonora que os Táxi tiveram direito é ainda hoje recordada. Para João Grande, "foi um dos melhores sons de sempre dos Táxi ao vivo".
Os portugueses tiveram até direito a encore. Arriscaram guardar Chiclete a pensar no regresso ao palco. E quando o público, em apoteose, pediu mais Táxi, eis que os portugueses voltaram e apresentaram, perante os milhares na plateia, um dos maiores hits do rock nacional da época.
No pós-concerto a presença de vários rastafaris no backstage ajudou a animar o final de festa. Regado a álcool e... muita erva. A noite? 'Ninguém sabe' bem como acabou.
A verdade é que as críticas à prestação dos Táxi não deixaram margem para dúvidas, tinham sido a grande surpresa da noite. "Nem uma falha, nem uma hesitação" ou "seis músicas do álbum 'Táxi' puseram, de facto, a assistência em delírio", foi o que se escreveu sobre a banda nacional no dia seguinte.
Junho de 1989. Muitos já sabiam ao que iam - as encenações de Adolfo Luxúria Canibal nos concertos dos Mão Morta eram uma constante -, mas poucos estavam preparados para o que viria a acontecer naquele 2 de junho de 1989, na emblemática sala lisboeta Rock Rendez Vous.
Julho de 1992. O concerto de Guns N' Roses era um dos mais aguardados daquele ano em Portugal. Na primeira parte tocaram Soundgarden e depois Faith No More. A banda de Mike Patton 'incendiou' o antigo estádio de Alvalade. A certa altura, os fãs começaram a atirar garrafas para o palco e o chão ficou escorregadio.
Depois da atuação do grupo norte-americano e com uma hora de atraso, os Guns N' Roses subiam ao palco. A estreia em Portugal não podia ter corrido pior para Axl Rose. O vocalista escorregou e caiu perante milhares de fãs logo após a primeira música. Só voltou 15 minutos depois - obrigando a dupla Duff e Slash a fazer tempo para entreter a plateia.
No final do concerto e perante os jornalistas, os fãs não perdoaram a birra de Axl Rose e criticaram fortemente o vocalista dos Guns pela atitude em palco.
Fevereiro de 1994. Os Nirvana eram uma das bandas do momento e Kurt Cobain uma das figuras mais apreciadas por parte das novas gerações. Os problemas entre a figura máxima dos Nirvana e as drogas eram já do conhecimento de quase todos.
Maio de 1994. Do Brasil voltava uma das referências do punk. Os Ratos de Porão regressavam a Portugal para um concerto na Incrível Almadense. O vocalista João Gordo apresentava graves problemas devido a um nervo ciático, mas nem isso impediu a realização do espetáculo.
O concerto acabaria, no entanto, por ficar marcado pela atuação... do público. O mosh pit era violento e a sala a abarrotar 'viu' alguns fãs mais entusiasmados a saltar das varandas diretamente para a plateia ainda antes da banda brasileira começar a tocar. João Gordo atuou grande parte do concerto sentado devido à debilitação física. A certa altura partiu a bengala e a cadeira de apoio que o acompanhava.
Após o concerto, o vocalista teve de ser transportado para o hospital. Em 2014, lembrou no Facebook o episódio especial na sala da Margem Sul e recordou ainda um momento trágico que coincidiu com o dia do evento, a morte da estrela da Fórmula 1 Ayrton Senna.
Agosto de 2002. A organização do Festival Ilha do Ermal decidiu fazer uma mistura explosiva no cartaz daquele ano. Do soft-rock dos Nickelback ao metal mais pesado de Dimmu Borgir ou Slipknot.
Quem não gostou nada da mistura foram os seguidores das bandas mais extremas presentes no festival. Ao segundo dia, e após a entrada em palco dos cabeças de cartaz Nickelback, os fãs de Slipknot e Dimmu Borgir boicotaram a atuação dos canadianos.
Não podia ter corrido pior a estreia da banda de Chad Kroeger em Portugal. Foram apedrejados após as duas primeiras canções e a atuação parou mal uma garrafa rasou a cabeça da voz de 'How You Remind Me'.
"Querem ouvir rock n' roll ou querem ir para casa?", atirou Chad. O público respondeu com um coro de assobios e o vocalista de Nickelback não hesitou: "Até à vista", disse antes de sair do palco e fazer um gesto menos próprio com a mão.
Numa entrevista pouco tempo depois do episódio, Chad Kroeger assumiu que se fosse a um festival de Metal também não tinha grande interesse em ver os Nickelback.
Agosto de 2000. O último dia da edição daquele ano do Sudoeste guardava uma das mais azaradas e conturbadas noites de que há memória no festival. As hostes abriram com um concerto de Da Weasel, que não podia ter corrido pior para Virgul, um dos membros da banda. Os pioneiros do hip-hop em Portugal foram obrigados a limitar a setlist porque Virgul partiu a perna ao fazer um mortal poucos minutos após subir ao palco e foi transportado de urgência para o hospital.
Antes da entrada dos cabeças de cartaz Guano Apes, subiam os Oasis e foi aí que o caldo entornou. O Sudoeste virou 'faroeste'. É verdade que a banda dos irmãos Gallagher muito esporadicamente viveu momentos calmos e talvez por isso já andava a jogar pelo seguro. Mandou uma limusina esperar atrás do palco poucos minutos antes do concerto começar.
Não foi preciso esperar muito, os fãs da banda alemã Guano Apes agarraram em tudo o que tinham à mão e foi um autêntico cenário de guerra. Voaram pedras, copos e garrafas. Mal Noel foi atingido por um dos objetos... foi só descer as escadas e arrancar.
Novembro de 2017. Passavam seis anos da primeira grande batalha de Zé Pedro contra a Hepatite C. O guitarrista foi submetido a um transplante de fígado em 2011 e, ainda nesse ano, conseguiu recuperar a tempo de subir ao palco do Optimus Alive onde realizou um emocionado discurso de agradecimento a familiares, amigos e fãs.
A 4 de novembro de 2017, e com uma vida dedicada ao Rock, a ver, a tocar, a vibrar e a ensinar, o 'cavalheiro' do rock português fez soar os últimos acordes da sua guitarra perante um Coliseu dos Recreios lotado.TOY NA PELE DE METALEIRO
Julho de 2019. Matt Heafy fazia uma transmissão online na plataforma de streaming Twitch quando um outro streamer português o abordou para tocar uma música portuguesa... 'O coração não tem idade', de Toy. O músico aceitou o desafio e fez as delicías dos portugueses naquela noite.