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O Papa Francisco e a ligação ao futebol

Do San Lorenzo a Portugal, tudo sobre a paixão de Jorge Mario Bergoglio pelo desporto-rei.

Por Alejandro Panfil, António Adão Farias, Vasco Borges,
André Santos e João Socorro Viegas/Record

Do San Lorenzo a Portugal, tudo sobre a paixão de Jorge Mario Bergoglio pelo desporto-rei.

Por Alejandro Panfil, António Adão Farias, Vasco Borges,
André Santos e João Socorro Viegas/Record

Papa Francisco e futebol andam de braços dados. Uma ligação que começou bem antes do seu papado, quando o atual Sumo Pontífice era 'apenas' Jorge Bergoglio e assistia euforicamente aos jogos do seu amado San Lorenzo no 'velho' Gasómetro, na Argentina. É nos meados dos anos 40 que começa essa história, que se prolonga até aos dias de hoje e que aqui contaremos. Com passagem por Portugal em 2017, num dia simbólico, sem esquecer a coleção de camisolas de clubes que já tem. Viaje aqui pelas origens futebolísticas do nome maior da Igreja Católica, a poucos dias do seu regresso ao nosso país, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, que irá ocorrer em Lisboa entre 1 e 6 de agosto.
A ligação
ao San Lorenzo
Nascido em 1936, Jorge Mario Bergoglio cedo viu ser-lhe incutido o futebol na vida. Mais precisamente, o San Lorenzo de Almagro. O clube de Buenos Aires, um dos maiores da Argentina, foi onde o seu pai praticou basquetebol e o 'credo' pelo qual educou posteriormente os filhos. Demorou pouco até o pequeno Jorge viver uma das maiores alegrias da sua vida. Em 1946, quando tinha somente 10 anos de idade, assistiu 'in loco', em pleno Viejo Gasómetro, à conquista do campeonato argentino por parte de Los Cuervos (os corvos), com o pai e um dos seus cinco irmãos a invadirem o relvado para celebrarem.

Guiado pelo denominado Terceto de Oro (trio de ouro), constituído por René Pontoni, Armando Farro e Rinaldo Martino, o San Lorenzo era uma potência mundial naqueles tempos. Ainda hoje Jorge sabe de cor o mítico onze que habitualmente entrava em campo naqueles tempos de ouro. Porém, se o mítico recinto localizado no bairro do Boedo foi palco de uma das maiores felicidades de Jorge, foi também ali que aconteceu um dos piores momentos da sua vida. Em 1961, quando já integrava a ordem dos Jesuítas, recebeu a notícia de que o seu pai havia falecido em pleno Gasómetro, consequência de um ataque cardíaco fulminante.

Cada vez mais por dentro dos caminhos da fé, Jorge Bergoglio via, por outro lado, o seu país, a Argentina, e o seu clube, o San Lorenzo, atravessarem momentos difíceis. A ditadura militar acabou por forçar o emblema de Almagro a vender o estádio e, em 1981, este acabaria mesmo por descer de divisão - embora tenha voltado logo depois ao principal escalão.
O reencontro entre Jorge e o San Lorenzo dá-se de forma mais intensa em 2008. Era o ano do centenário do clube e o então Arcebispo de Buenos Aires - e simultaneamente sócio número 88.235 - celebrou a missa que assinalava a ocasião. Mas é em 2013 que tudo muda. Na sequência da renúncia de Joseph Ratzinger, Jorge é eleito o primeiro Papa sul-americano e o destino do San Lorenzo transfigurou-se: campeão argentino em 2013 e no ano seguinte conquista a Copa Libertadores pela primeira vez na sua história. São esses dois intensos anos que contaremos aqui, através do correspondente Record na Argentina, Alejandro Panfil.
Matías Lammens: «O Papa Francisco é um grande orgulho para o San Lorenzo»

Matías Lammens foi presidente do San Lorenzo de Almagro entre 2012 e 2019 e é hoje o Ministro do Turismo e dos Desportos da Argentina. Quando assumiu a liderança, o clube estava numa situação económica muito complicada e corrida mesmo o risco de descer de divisão. As coisas pouco a pouco começaram a melhorar, mas ninguém podia imaginar que, no ano seguinte, o clube iria conquistar o Torneo Inicial 2013 e em 2014 ganhar a sua primeira Taça Libertadores - era mesmo o único dos cinco grandes da Argentina que ainda não tinha conseguido o maior troféu da América do Sul.

Foi pela ajuda do Papa Francisco? Ninguém pode responder isso, mas sim falar da onda positiva que acompanhou o San Lorenzo na sua recuperação, para depois protagonizar uma conquista histórica. Lammens, orgulhoso, fala do que significa para o San Lorenzo ter o adepto mais famoso do Mundo e dos encontros em Roma onde lhe levaram os troféus.
Mauro Cetto: «Podemos pensar que houve uma ajuda divina do Papa Francisco»

Mauro Cetto, jogador do San Lorenzo entre 2013 e 2015, iniciou a sua carreira no Rosario Central, a mesma equipa de Angel di María. Após ser campeão mundial sub-20 em 2001 com Javier Saviola e Maxi Rodríguez, entre outros craques, o defesa teve uma carreira na Europa onde foi jogador do Nantes, Toulouse e Palermo, mas a glória conseguiu-a com a camisola do San Lorenzo de Almagro clube.

Assinou em janeiro de 2013 e nesse mesmo ano ganhou o Torneo Inicial após um 0-0 contra o Vélez Sársfield onde o guarda-redes Sebastián Torrico fez uma defesa milagrosa perto do apito final, que permitiu à equipa sagrar-se campeã argentina. Cetto foi um dos jogadores que, poucas horas depois, viajaram até ao Vaticano para oferecer o troféu ao Papa Francisco, tendo sido também campeão da Libertadores no ano 2014: "Podemos pensar que houve uma ajuda divina do Papa".
Oscar Lucchini: «Destaco a sua humildade e simplicidade»

Oscar Lucchini foi o arquiteto encarregado da construção da Capela Padre Lorenzo Massa, que está na Cidade Desportiva do San Lorenzo de Almagro. A obra foi feita com dinheiro doado pelo ator Viggo Mortensen, um grande adepto do San Lorenzo, e os planos da capela foram abençoados pelo então Arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio.

Lucchini, que conheceu pessoalmente Jorge Bergoglio, falou a Record das qualidades humanas que o agora Papa já mostrava. "Lembro-me dele pela sua humildade e simplicidade. Ele não queria que o fôssemos buscar para dar a missa. Decidiu vir de metro", contou.

Mas também o futebol foi tema: "Ele lembrava-nos que, para ele, estava gravado na sua memória o trio que jogou no ano 1946 no San Lorenzo: Farro, Pontoni e Martino".
Relação com outros clubes
A ligação de Francisco ao futebol – que diz ser um "instrumento para a paz" – vai muito além do seu San Lorenzo. Fã confesso do desporto-rei, já recebeu inúmeros clubes e seleções no Vaticano, ao longo dos cerca de dez anos de pontificado.

Arriscamos, por isso, dizer que contará com uma invejável coleção de camisolas, o presente mais comum na escolha dos clubes que se prestam a visitar o Sumo Pontífice. O mais recente, em julho, foi o Celta de Vigo. Coube a Iago Aspas oferecer o equipamento autografado a Francisco, que aproveitou a ocasião para, uma vez mais, sublinhar a importância do futebol nas comunidades e não deixou de fazer referência à cruz de São João presente no emblema do clube galego.

Como manda o ditado, uma visita a Roma é sempre um bom pretexto para visitar o Papa e são várias as equipas que optam por fazer o pequeno desvio até ao Vaticano, quando vão jogar à capital italiana. Assim fez, sem constrangimentos, o Bayern em 2014… no dia a seguir uma goleada (7-1) à Roma na Liga dos Campeões. Muitos dos principais clubes de países cristãos fazem questão de prestar a visita de quando em vez, em busca de uma bênção para a época ou como ponto de celebração de um aniversário.
O Barcelona, por exemplo, é visitante regular e, em 2013, chegou mesmo a convidar Francisco – numa carta assinada pelo presidente e por Messi – a assistir a um jogo em Camp Nou. Algo que não chegou a acontecer.  Mais recentemente, em janeiro passado,  oi o Nápoles, através do presidente Aurelio Di Laurenttis a endereçar o mesmo convite, propondo um jogo particular entre napolitanos e o San Lorenzo no Estádio Diego Armando Maradona.

Outros viajam até ao Vaticano em busca de um milagre. Assim o fez o padre inglês Marc Lyden-Smith, adepto e capelão do Sunderland, que em 2013 pediu a Francisco uma vitória no dérbi frente ao Newcastle e uma bênção para permanência da equipa na Premier League. Intervenção divina ou não, o pedido resultou: o Sunderland ganhou o jogo (2-1), curiosamente com golo do italiano Borini, e terminou o campeonato num tranquilo 14º lugar.

Mais desesperado foi o pedido de um adepto do Cruz Azul que, em 2016, viajou mais de 10 mil km até ao Vaticano e, literalmente, atirou uma camisola do clube em direção ao ‘Papamóbil’. Um momento que, felizmente, foi levado com boa disposição e acabou por se tornar viral nas redes sociais. O objetivo do tal adepto seria o de "acabar com o azar" do seu Cruz Azul, que estava sem ganhar a liga mexicana desde 1997. A verdade é que ainda teve de esperar até 2021 para celebrar.

Mas não só de visitas e homenagens se faz a ligação do Papa aos clubes de futebol. Às vezes, surge por necessidade. Em maio do ano passado, Francisco começou a ser visto em público de cadeira de rodas ou muletas por conta de uma lesão num joelho. O Vaticano procurou então um especialista e encontrou-o… no Atlético Madrid. José María Valillalón, especialista em traumatologia desportiva e membro do departamento clínicos dos colchoneros desde 1995, foi o escolhido para tratar do problema. Em novembro iniciou o tratamento ao Sumo Pontífice, que descreveu como "muito charmoso, mas também teimoso".
Os clubes portugueses também não perdem oportunidade de interagir com Francisco, seja através de representantes ou dos muitos adeptos que decidem levar o seu clube consigo quando têm uma audiência com o Papa. Em janeiro passado, por exemplo, Francisco recebeu de um sócio do Benfica uma camisola autografada por Otamendi e Enzo Fernández. Pôde juntá-la a uma do Vitória de Guimarães, que o clube minhoto lhe ofereceu em novembro de 2019 pela mão de José Antunes, pároco e antigo membro da direção vitoriana.
A seleção argentina
Se é verdade que a paixão do povo argentino pelo futebol é tão fervorosa como a conhecemos, também é verdade que muito se deve à quantidade exorbitante de talentos que esse país tem vindo a desenvolver ao longo dos anos. De Maradona a Caniggia, de Batistuta a Agüero ou de Di María a Messi, são muitos os jogadores que construíram um legado que não deixa ninguém indiferente, mais uma das razões pelas quais nem o Papa… foge à regra.

Além do San Lorenzo, o seu clube de coração, Francisco – ou Jorge Mario Bergoglio, nome com que nasceu – sempre acompanhou de perto a seleção argentina, e a paixão pela mesma é algo que não esconde. Tendo sido eleito Sumo Pontífice a 13 de março de 2013, acompanhou de perto (e com o mundo sempre atento à sua reação) os Mundiais de 2014, 2018 e, mais recentemente, o de 2022, que a Argentina conseguiu coroar com a conquista do título. Mas já lá vamos.

Em 2013, alguns meses antes do arranque do Mundial’2014 no Brasil – que a Argentina viria a perder na final diante da Alemanha, por 1-0 –, o Papa fez questão de estar com o plantel albiceleste e com Maradona, assim como com outras figuras do futebol mundial, como Gianluigi Buffon. Na ocasião, a máxima figura religiosa destacou a importância dos jogadores e do futebol.

"As pessoas seguem-vos. Não só dentro de campo, mas também fora dele. Isto é uma grande responsabilidade social. Deixem-me explicar: durante o jogo, quando estão dentro de campo, encontram beleza, gratidão e companheirismo. Se em alguma partida isto falhar, [o jogo] perde toda a sua força. Mesmo que haja um vencedor", referiu, à data. No final desse encontro, Messi entregou-lhe uma camisola autografada – à imagem do que Maradona fez um ano depois, em 2014 – por todos os atletas da seleção argentina.
Em 2019, em entrevista ao The Guardian, Bergoglio foi colocado numa situação ‘delicada’, quando lhe perguntaram se considerar Messi um Deus seria um sacrilégio. Neste caso, e apesar da sua admiração confessa pelo astro argentino e pela albiceleste, optou por seguir os seus ideais à risca.

"Em teoria é um sacrilégio, é algo que não se pode dizer. Eu não acredito que seja Deus. As pessoas podem chamar-lhe Deus, tal como podem dizer que me adoram. Mas só Deus pode ser adorado e venerado. É a maneira de as pessoas se expressarem, dizem que ele é Deus com a bola nos pés quando está dentro de campo. São expressões populares. É um prazer vê-lo jogar, mas não é Deus", explicou.

E apesar de em 2022, no Qatar, o Papa ter finalmente testemunhado a seleção do seu país a conquistar um Campeonato do Mundo, a verdade é que acabou por… não ver a final. Tudo graças a uma promessa que fez a Nossa Senhora em 1990, quando referiu que não iria ver mais televisão por ser algo que lhe fazia mal. Esta promessa, refira-se, foi feita depois do Mundial desse ano, quando a Argentina perdeu, na final, frente à Alemanha Ocidental por 1-0. Alguns órgãos de comunicação italianos adiantaram, depois da final do Mundial’2022, que Bergoglio ouviu o jogo… na rádio.

E, curiosamente, a maneira como festejou a conquista da sua seleção foi algo tranquila. Antes do encontro, o Papa tinha pedido ao vencedor da competição para celebrar com "humildade" e, a quem perdesse, para aceitar a derrota e aproveitar o momento. "O mais importante não é ganhar ou perder, é evoluir", referiu. Certo é que apesar de ter tentado ser o mais discreto possível, o Sumo Pontífice apareceu publicamente pouco tempo depois com uma camisola da Argentina em mãos. Porque, afinal de contas, a ‘febre do futebol’ não passa despercebida… nem ao Papa.
A coleção
de camisolas
Como qualquer apaixonado por futebol, Bergoglio não foge à regra e guarda uma coleção de camisolas que, ora lhe vão sendo oferecidas, ora consegue de uma maneira ou de outra. No ano passado, Dolores Aveiro, a mãe de Cristiano Ronaldo, ofereceu ao Sumo Pontífice uma camisola com o nome do filho, tal como é possível ver na primeira imagem. Entre essa coleção, estão ainda equipamentos de grandes clubes europeus, como Nápoles ou Inter, e de seleções, como Espanha ou Itália.
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Coleção de camisolas do Papa - interativa
Estádio Papa Francisco
em Fátima

De Francisco para Francisco. O dia em que Fátima passou a ter dois estádios com nome de Papa

Eira da Pedra, 12 de maio de 2017. Milhares de pessoas encaram os céus de Fátima e vislumbram outro acontecimento inédito. No dia em que se cumprem exatos 100 anos desde que se comemoram as primeiras aparições da Senhora do Rosário na Cova da Iria, é também o tempo de abrir os braços para voltar a receber o Bispo de Roma.

Sua Santidade, o Papa Francisco, está em Portugal pela primeira vez desde que foi consagrado pelo Conclave de 2013. Jorge Mario Bergoglio, o primeiro sumo pontífice vindo do hemisfério sul é também devoto… do futebol. Nem de propósito, em menos de uma hora ganha o seu nome num estádio português. Como, onde e porquê? Recordemos.

O líder da Igreja Católica Apostólica Romana anuncia a decisão de vir a Fátima presidir ao Centenário das Aparições Marianas. Uma verdadeira operação relâmpago, com partida e chegada ao Vaticano… em menos de 24 horas. Tempo suficiente para voltar a casa com um estádio no bolso.

O Município de Ourém associou-se naturalmente à organização da visita papal, mas logo tratou de marcar a diferença. O então presidente Paulo Fonseca submeteu à consideração dos vereadores a alteração da nomenclatura do Estádio Municipal de Fátima, inaugurado sob este mesmo nome, em agosto de 2005.

"Considerando a notabilidade mundial de Sua Santidade, o Papa Francisco, a Câmara deliberou, por unanimidade, atribuir a designação de ‘Estádio Papa Francisco’ ao Estádio Municipal de Fátima", pode ler-se, na ata lavrada após a Reunião da Câmara de 21 de abril desse ano, na qual também participou Luís Albuquerque, então vereador.

Vinte e quatro anos antes, era ele o dono da baliza do Centro Desportivo de Fátima no duelo de Alvalade, a contar para os oitavos de final da Taça de Portugal de 1992/93, célebre pelo castigo imposto por Bobby Robson aos jogadores do Sporting, após uma vitória sofrida sobre os fatimenses (3-2).

Albuquerque era líder da oposição, quando o Município entendeu render esta homenagem papal, sendo hoje o presidente da Câmara Municipal de Ourém, concelho no qual se integra a Freguesia de Fátima.

Seis anos antes, foi Paulo Fonseca, seu antecessor quem recebeu Sua Santidade assim que o helicóptero aterrou junto ao estádio. Cumprido o protocolo, foi tempo de descerrar a placa e consumar o batismo, coroando uma intenção previamente ‘abençoada’ pela Santa Igreja.

Semanas antes, em março, a Câmara de Ourém trabalhou no sentido de antever a reação do pontífice quando confrontado com a possibilidade de ter o seu nome num estádio. Para o efeito, foram solicitados pareces a figuras de proa na diocese de Leiria-Fátima, como D. Serafim Sousa e Silva (Bispo Emérito) e D. António Marto (Bispo). Ambos responderam "com alegria e bom acolhimento à ideia".

Francisco agradeceu o gesto no momento da renomeação e Fátima pode muito bem ter-se tornado na primeira cidade mundial a ter dois estádios consagrados a outros tantos líderes da igreja. O Estádio Papa Francisco juntou-se ao Campo João Paulo II, propriedade do Centro Desportivo de Fátima, clube que passou a beneficiar de duas casas, separadas por cerca de quatro quilómetros.

O mais recente ficou ao serviço do futebol de formação; o mais atual passou a ser o quartel-general da equipa sénior, que viria a ser envolvida num negócio das arábias. Daqueles que acabam mal, com extinção da SAD por incumprimento dos investidores portugueses que, entretanto, haviam adquirido a participação de um empresário saudita, mas desertaram sem honrar os compromissos.

Seis anos depois da primeira passagem de Francisco por Fátima, o estádio que lhe ofereceu o nome continua ao serviço de vários emblemas oureenses. A pista e demais equipamentos de atletismo têm servido para inúmeras competições regionais, enquanto o relvado de futebol está essencialmente entregue a iniciados, juvenis e juniores do Desportivo de Fátima, todos a disputar as competições nacionais dos respetivos escalões.

Naquela que será a sexta visita de um Papa a Fátima, não se prevê que Sua Santidade regresse ao estádio que ele próprio batizou. Francisco, o Papa, seguirá diretamente para o Santuário; Francisco, o estádio, ali ficará de prevenção, caso seja necessário albergar alguns dos milhões de peregrinos aguardados a propósito da Jornada Mundial da Juventude.

A anterior visita a Portugal
Esta não será a primeira vez que Francisco visitará Portugal. Em maio de 2017, tornou-se no quarto Papa a deslocar-se ao nosso país, depois de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI. No dia 13 desse mês e desse ano, vivemos de perto o fenómeno que, nos tempos da ditadura, ficou conhecido como ‘os três ‘f’: Fátima, Futebol e Fado.

Fátima: À data, o Sumo Pontífice marcou presença no centenário das aparições em Fátima. Milhares de pessoas encheram os principais pontos do país – à semelhança do que se espera este ano, na Jornada Mundial da Juventude -, numa concentração que esgotou as principais unidades hoteleiras e de alojamento local e que levou a uma autêntica ‘invasão’ a Fátima.
Interativa Papa
Interativa Papa Pablo Blazquez Dominguez/Getty Images
Interativa Papa
Interativa Papa Jose Manuel Ribeiro/Getty Images
Interativa Papa
Interativa Papa
Futebol: No mesmo dia, na 33.ª e penúltima jornada do campeonato português, à data Liga NOS, o Benfica recebia e goleava, no Estádio da Luz, o V. Guimarães por 5-0 (com golos de Cervi, Jiménez, Pizzi e dois de Jonas) e sagrava-se tetracampeão nacional de futebol, feito inédito na história do clube.

Nessa caminhada, as águias de Rui Vitória terminaram o campeonato com 82 pontos, mais seis do que o FC Porto, que fechou com 76, e mais 12 do que o Sporting (70).

Fado: Foi também a 13 de maio de 2017 que Salvador Sobral subiu ao palco da Eurovisão em Kiev, na Ucrânia, e protagonizou um momento histórico para a música portuguesa, ao conquistar o mundo com o tema ‘Amar pelos dois’, escrito pela sua irmã, Luísa Sobral.

A canção amealhou 758 pontos na votação combinada dos júris e do público, a maior pontuação alguma vez registada na competição.
Fotografias Getty Images, Lusa e Reuters