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O livro ‘Sustentabilidade e Alimentação’ faz uma análise aos resultados do II Grande Inquérito sobre Sustentabilidade em Portugal, com enfoque particular na alimentação. Trata-se de um inquérito aplicado à população portuguesa para detectar e analisar as representações e práticas sobre sustentabilidade e alimentação nas suas várias dimensões, e que surge na continuidade do I Grande Inquérito, cujos resultados já foram publicados pela Imprensa de Ciências Sociais em 2018.
Os atuais padrões alimentares das sociedades ocidentais industrializadas têm sido associados a um número crescente de problemas ambientais globais. Além disso também têm tido impactos directos na saúde humana provocados por desequilíbrios nutricionais que se refletem tanto no aumento das taxas de excesso de peso e obesidade como no aumento da insegurança alimentar entre populações mais vulneráveis.
Em Portugal comemos açúcar, sal, gorduras e carnes a mais, e legumes e frutas a menos. De facto, segundo os dados do Inquérito aplicado a uma amostra representativa dos portugueses, o peso da proteína animal (carne, peixe, ovos e lacticínios) permanece muito elevado face ao consumo de produtos hortícolas, frutas e leguminosas, sobretudo entre a população masculina e também para os que têm idade superior a 50 anos. Já as mulheres, os mais jovens, os indivíduos com níveis de escolaridade superiores e os que residem em contextos urbanos marcam um potencial de mudança para uma alimentação com maior base vegetal. Seja como for, cerca de 50% dos inquiridos mostram-se dispostos a reduzir o consumo de carne.
Quanto às preocupações com a alimentação, os inquiridos apontaram sobretudo o problema do desperdício alimentar, mas também os problemas ligados aos resíduos de pesticidas e à presença de antibióticos e hormonas nos produtos alimentares, o que revela uma atenção crescente às questões de saúde.
No que respeita à agricultura biológica, podemos dizer que o seu reconhecimento já está instalado na opinião pública portuguesa e vai assinalando os seus efeitos nas práticas de consumo crescentes sobretudo entre as mulheres, os sectores mais jovens e as famílias com crianças.
Em contrapartida, são maioritariamente rejeitadas as propostas mais tecno-inovadoras (transgénicos, alimentos de origem laboratorial), bem como produtos mais exóticos fora do quadro do sistema alimentar tradicional como é o caso dos insectos, cujo consumo actualmente já está regulamentado entre nós.
No inquérito constata-se que a maioria da população valoriza cada vez mais as questões ambientais por causa da saúde, e requer um papel mais activo e responsável por parte do Estado para a definição de políticas públicas no sentido de uma alimentação mais controlada e saudável. Seja em termos genéricos, com medidas de fiscalização e garantia ou através de políticas fiscais, seja por legislação explícita, é claro o apoio público a medidas activas de regulação alimentar, tais como: a redução de açúcar e sal em vários produtos alimentares, a educação alimentar precoce e a respectiva intervenção nas escolas através dos refeitórios e também da melhoria do mecanismo de compras públicas alimentares.
Estes inquéritos, cuja 3ª edição está actualmente a ser realizada, resultam de uma parceria entre o Observa/ICS-ULisboa e a Missão Continente. O livro foi publicado pela Imprensa de Ciências Sociais em 7 de Julho de 2022.
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