“As minhas canções são mensagens de paz”
O monge-cantor actua esta sexta-feira no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, num concerto com que celebra 50 anos de carreira.
Correio da Manhã - Comemora 50 anos de carreira esta noite, no Coliseu dos Recreios. Está nervoso?
Frei Hermano da Câmara - Não. O nervoso é sempre abafado pela alegria de cantar e pelo gosto que eu tenho em estar em palco e contactar com o meu público. Os nervos, mesmo que haja um bocadinho ao princípio, desaparecem logo.
- Quando canta, sente que está com Deus?
- Sempre. Faço questão de estar em união com Deus. Antes dos concertos faço várias orações, para que as mensagens que as minhas canções contêm possam penetrar no coração das pessoas. E no fim, tenho sempre a confirmação: as pessoas costumam dizer-me que ficam mais serenas, que ficam em paz. E esses sentimentos só podem vir de Deus. As minhas canções são mensagens de paz.
- O facto de ser no Coliseu, sala que esgotou cinco noites consecutivas na década 80, tem um significado especial para si?
- Tem, sim. Tenho feito vários espectáculos no Coliseu, que é um teatro emblemático da nossa Lisboa, e é sempre especial. Por um lado, é uma grande responsabilidade e uma grande honra. Por outro, tem um ambiente fora de série: um ambiente ao mesmo tempo caloroso e descontraído.
- É preciso ser religioso para apreciar os seus concertos convenientemente?
- De modo algum. No fim dos espectáculos há muito quem venha ter comigo para me dizer que, apesar de não ter fé, de não ter religião, gostou do concerto. Mas realmente... será possível não ter fé nenhuma? Mas a maior parte das pessoas que vem é religiosa. Há até sítios onde vou actuar e onde o público tem receio de bater palmas. É um excesso de respeito que não tem qualquer cabimento nos meus concertos. Muitas vêm à espera de entrar numa igreja e ver uma missa maçadora! Afinal, sou padre. Mas depois vêem que sou um padre alegre.
- Pensa abandonar os palcos algum dia?
- Não. Não marco datas para acabar. Enquanto tiver voz e saúde vou continuar a cantar. O meu apostolado faz-se pela palavra, e junto à música ele tem ainda mais força. Porque entra melhor no coração das pessoas.
- O que é que se pode esperar deste concerto? Será uma espécie de o melhor de Frei Hermano da Câmara?
- Nunca sei o que vai ser. Tenho uma ideia e um alinhamento, claro. Mas se me pedem isto ou aquilo, eu canto. Os guitarristas já estão preparados. Estou sempre à disposição do público para cantar o que ele quiser. Espero deste concerto que seja um espectáculo profundo, espiritual e muito alegre. Espero que o público participe - e para isso não há como o Coliseu.
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