Beatriz Batarda: “Este filme ajudou a nossa comunidade trabalhadora”

<p class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt"><font face="Calibri"></font>Beatriz Batarda, que já prepara a peça ‘Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos', de Tom Stoppard, falou em Berlim ao CM sobre a experiência de participar em ‘Comboio Noturno Para Lisboa'.

21 de março de 2013 às 19:52
Cultura, Cinema, 'Comboio Noturno para Lisboa', Beatriz Batarda, entrevista, Jeremy Irons Foto: Pedro Zenkl
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Correio da Manhã – Como avalia esta experiência na equipa de ‘Comboio Noturno Para Lisboa’?

Beatriz Batarda – Foi bom, mas foi sobretudo importante como a cidade de Lisboa recebeu o filme. Principalmente o bairro de Santa Catarina. É um filme sobre contar histórias e a escolha do Bille August foi arriscada pois é algo que já não se usa muito. É raro o filme que se sustenta quase todo no trabalho dos atores. Nesse sentido, a escolha dos atores foi fundamental. Numa altura em que não se faz cinema em Portugal, este filme ajudou bastante a nossa comunidade trabalhadora.

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- No seu caso que interpreta a personagem da Charlotte Rampling mais nova, houve algum trabalho específico com ela para um certo ajuste de expressão?

- Não. Eu trabalhei em cima das imagens que já tinham feito da Charlotte. Tanto eu como o Marco tivemos acesso ao que já tinha sido filmado – no caso dele com o Tom Courtenay e no meu caso com a Charlotte Rampling – e assim estudámos a forma de falar, o ritmo, a linguagem corporal.

- Calculo que não tenha sido para si complicado filmar em inglês, ainda que, estranhamente, num filme rodado quase integralmente em Lisboa...

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- Eu vivi sete anos em Inglaterra, por isso não tive qualquer dificuldade. Aquilo que se diz – que é mais fácil de representar em inglês do que em português – é verdade. E há uma razão para isso. É que a língua portuguesa e as suas raízes latinas são mais complicada do que a construção da língua anglo-saxónica. É, talvez, uma língua mais orgânica. Nesse aspeto é mais fácil representar em inglês. O que foi mais difícil foi acertar com o sotaque que a ‘accent coach’ determinou, que seria o sotaque dos portugueses a falarem em inglês.

- Falar inglês com sotaque português?

- Sim, as personagens portuguesas, como era o meu caso, falavam em inglês, mas tinha de ter um sotaque português. Tentou uniformizar-se no inglês um sotaque português.

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- Como correu a envolvência dos atores portugueses nesta grande coprodução?

- A mais valia foi sobretudo para o país e para a cidade. Naquilo que me diz respeito, tenho tido sorte nos meus 21 anos de carreira de ter feito cinema em variadíssimas condições. Em Inglaterra, tive a oportunidade de participar em algumas produções com algum dinheiro. E já filmei em Moçambique sem dinheiro nenhum. Acho que os atores portugueses, como também na vida, são flexíveis. Nesse sentido, não senti grande diferença. Por outro lado, a equipa era em grande parte portuguesa.

- Teve oportunidade de conhecer Jeremy Irons?

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- Apenas o vi na conferência de imprensa no início e agora aqui em Berlim...

- À Beatriz poderia interessar, por exemplo, um projeto numa coprodução mas no estrangeiro?

- Acho que sim. É a minha profissão. Trabalho onde houver necessidade. Mesmo que fosse em russo eu faria um esforço para aprender a língua.

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- E agora Beatriz, o que se segue? Teatro? Cinema?

- Cinema, que eu saiba, não se está a fazer em Portugal. Lamento o desinteresse da nossa política em relação ao cinema. Não sei qual será o futuro. Mas vou fazer teatro. Estamos a ensaiar ‘Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos’, do Tom Stoppard. Em abril no Porto e em junho em Lisboa.

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