Cannes rendido a oração de Terrence Malik

O épico espiritual de Terrence Malick - que demorou vários anos a concluir - acabou mesmo por arrecadar a Palma de Ouro, neste domingo, no encerramento do Festival de Cannes.

22 de maio de 2011 às 20:02
o refúgio, a árvore da vida, cannes, cinema, palma d'ouro Foto: Reuters
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Não que não fosse esperado. Sobretudo antes de iniciar o festival, ainda que tenha criado algumas divisões na comunidade dos jornalistas presentes. Mesmo assim, não deixa de ser um filme muito belo, sobre a dádiva da vida.

Uma família dos anos 50 (Brad Pitt e Jessica Chatain) passam em revista a sua vida ao saberem da morte de um dos seus filhos. Com o seu estilo inconfundível, o misterioso Terrence Malick, que não veio a Cannes, "por ser muito envergonhado", segundo a produtora do filme, acompanha a emoção da criação com diversas fases da vida desta família. São imagens de rara beleza que já fizeram deste filme um clássico absoluto. E que estreia em Portugal na semana que vem.

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Fantástico no papel de um actor do cinema mudo, em 'The Artist', Jean Dujardin recebeu com justiça o prémio de interpretação masculina, ao passo que Kirsten Dunst foi a eleita para o prémio feminino no filme 'Melancholia', de Lars von Trier, o realizador entretanto banido de Cannes pelas declarações 'nazis'. Seja como for, Dunst não o esqueceu na hora dos agradecimentos.

A francesa Maiween teve o momento mais emotivo da cerimónia ao agradecer com a voz embargada e respiração ofegante o prémio do Júri para o tocante 'Polisse', sobre o quotidiano de uma brigada de protecção de menores francesa. Um filme onde se relatam as experiências mais traumáticas de pedofilia, abandono e violência.

Uma palavra ainda para o promissor realizador dinamarquês Nicolas Winding Refn, com a avasaladora homenagem ao cinema americano série B, em 'Drive'.

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Em jeito de conclusão, diremos que foi um belo festival de Cannes. Uma das melhores edições dos últimos anos. Uma óptima selecção oficial que rimou também com o regresso dos grandes estúdios ao festival, e, consequentemente, uma enorme presença de grandes vedetas. Não só Angelina Jolie e Brad Pitt, ou ainda Johny Depp e o 'cast' de 'Piratas das Caraíbas 4', mas ainda Jodie Foster, Kirsten Dunst, Mia Wasikowska, Ryan Gossling, Antonio Banderas, entre muitos outros. Palmas para Cannes. E até para o ano.

PALMARÉS

Palma de Ouro - ‘The Tree of Life’, de Terrence Malick

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Grande Prémio do Júri – ‘Once Upon a Time in Anatolia’, de Nuri Bilge Ceylan (Ex-aquo ‘Le Gamin au Vélo’, de Jean-Pierre e Luc Dardenne)

Prémio de Interpretação Masculina – Jean Dujardin, em ‘The Artist’

Prémio de Interpretação Feminina – Kirsten Dunst, de ‘Melancholia’

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Prémio de Argumento – ‘Herat Shulayim’, de Joseph Cedar

Prémio de Realização – Nicolas Winding Refn, por ‘Drive’

Prémio do Júri – ‘Polisse’, de Maiween

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Câmara de Ouro – ‘Las Acacias’

Prémio de Curta-Metragem – ‘Cross’, de Maryna Vroda

Prémio FIPRESCI:

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Competição - ‘Le Havre’, de Aki Kaurismaki

Un Certain Regard – ‘L«Exercice de L’État’, de Pierre Schoeller

Semana da Crítica – ‘Take Shelter’, de Jeff Nichols

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Prémio do Júri Ecuménico – ‘This Must Be The Place’, de Paolo Sorrentino

Menções – ‘Le Havre’ e ‘Et Maintenant on va Òu ?’

Prémios Un Certain Regard – ‘Arirang’, de Kim Ki-Duk Ex-aequo ‘Arrêt en Pleine Voie’, de Andreas Dresen

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Prémio Especial do Júri Un Certain Regard – ‘Elena’, de Andrey Zvyagintsev

Prémio realização Un Certain Regard – ‘Au Revoir’, de Mohammad Rasoulof

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