Crítica de cinema: A Hora Mais Negra
Há muito para admirar: o elenco, com Mendelsohn e Scott Thomas a provarem a velha máxima de que não há pequenos papéis.
Quando escrevi sobre Churchill - o filme em que nem sequer Brian Cox salvava o icónico primeiro-ministro britânico dos inúmeros erros históricos cometidos por um guião medíocre -, terminei a crítica com "o melhor será esperar por A Hora Mais Negra, o filme de Joe Wright onde se espera que Churchill seja tratado como merece".
O meu optimismo não estava errado. Há muito para admirar: o elenco, com Mendelsohn e Scott Thomas a provarem a velha máxima de que não há pequenos papéis, apenas pequenos actores, e Gary Oldman, com a ajuda de alguns quilos de maquilhagem, a desaparecer na personagem (é o tipo de interpretação que lhe ganhará, por fim, prémios, mesmo que ele não precise de estatuetas para ser um dos melhores); cumpre também na elegância da reconstituição histórica e serve ainda como o complemento burocrático da Operação Dínamo que Christopher Nolan retratou em Dunkirk.
Joe Wright até já tinha filmado a insanidade da evacuação das tropas aliadas num brilhante plano-sequência em Expiação, mas aqui a sua realização é sóbria e clássica, optando por um tom próximo de Lincoln, o filme de Spielberg com o qual A Hora Mais Negra tem várias semelhanças: são representações de figuras icónicas - por dois magníficos actores - enfrentando um processo bélico e histórico que marca a narrativa do mundo em que vivemos.
Mas se Tony Kushner escreveu um denso tratado político para o Grande Americano (Lincoln), Anthony McCarten, o argumentista de A Hora Mais Negra, optou antes pelas convenções do género. Ainda assim, é o suficiente para este Churchill ser bem melhor do que o Churchill anterior.
De Joe Wright
R. U. • Drama histórico • M14 • 125m
Com Gary Oldman, Ben Mendelsohn e Kristin Scott Thomas
Nota: 3 estrelas e meia
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