Dois homens e um buraco para terem sexo: 'Glory Hole' faz uma apresentação única, amanhã, no Villaret
Peça de Tiago Torres da Silva fala da solidão e mostra que só o amor nos pode salvar.
Para quem não sabe, ‘glory holes’ (literalmente buracos da glória) são buracos abertos em paredes de casas de banho públicas ou cabinas para adultos através das quais é possível manter relações sexuais anónimas. O escritor e encenador Tiago Torres da Silva recorda-se de ter visto “há muitos anos” um filme japonês em que uma jovem praticava atos sexuais com um homem que, graças a um anel, percebeu ser seu pai. “A cena era intensamente dramática e tocou-me muito”, admite o criador, que estabelece um paralelo entre esta prática e as redes sociais. “Estamos nas nossas casas, a espreitar por um buraquinho, a ver aquilo que nos querem mostrar e que foi tratado com filtros de toda a espécie e que veicula imagens de muito sucesso e alegria”, observa. “É tanta a mentira que a partir de um ponto começamos nós, também, a mentir...”
E foi a partir desta ideia que escreveu e dirigiu o espetáculo ‘Glory Hole’, estreado no Teatro Taborda, Lisboa, em fevereiro. “Esgotámos nos quatro dias e face aos pedidos de pessoas que queriam ver, mas não tiveram oportunidade para o fazer, marcámos uma apresentação única, esta segunda-feira, no Teatro Villaret, às 21h00”, conta o encenador - que também participa no espetáculo (“uma entrada à moda de Hitchcock”, ironiza).
Em cena, conta-se a história de dois homens que o isolamento aproxima. “Não é um espetáculo que vise o choque, mas antes apela à compreensão do outro”, sublinha Tiago Torres da Silva. “É, também, uma peça sobre o amor, porque só o amor nos salva da solidão”, conclui. ‘Glory Hole’ é para maiores de 16 anos e conta com interpretações de Augusto Portela, Baltasar Marçal, Sandra Rosado e Tiago Torres da Silva.
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