Encanta-me o calor do público português

Correio da Manhã – O quarteto que vai trazer a Portugal é novo? O baterista Francisco Mela é uma das mais recentes revelações do jazz. Como o conheceu?

Joe Lovano – O quarteto não é assim tão novo. Quando uso este formato, normalmente estes são os meus colaboradores: Dennis Erwin (no contrabaixo) é um amigo de longa data e um dos melhores no seu instrumento e o pianista Weidman é um jovem que foi meu aluno na Berklee. Quanto a Francisco Mela, estava o ano passado a leccionar em Boston quando o ouvi tocar. A empatia foi imediata e passou a ser o baterista do quarteto.

– Que tipo de música vamos ter no espectáculo da Aula Magna?

– Basicamente, iremos interpretar temas de Thelonious Monk e Billy Strayhorn, mas também composições minhas muito recentes e música dos últimos álbuns.

– O seu mais recente trabalho foi ‘Kids’, em dueto com o veteraníssimo pianista Hank Jones. Sabemos que está para breve a saída de um novo álbum. O que nos pode adiantar sobre este?

– É um trabalho muito especial, gravado na Alemanha com a Orquestra da Rádio WUTR, num formato de orquestra completa com sopros e cordas. As minhas composições serão tocadas pela orquestra dirigida pelo maestro italiano Michael Abene. Claro que os solos serão na maioria dos meus saxofones tenor e soprano. Penso que é um trabalho surpreendente pelo facto de ser invulgar.

– Como líder do San Francisco Jazz Collective pode dizer-nos qual o compositor que vão consagrar no próximo ano, 2008?

– Depois de Thelonious Monk este ano, a nossa homenagem de 2008 será dirigida ao meu querido colega Wayne Shorter, um dos melhores saxofonista de sempre e um dos maiores compositores de jazz.

– O Joe vem muitas vezes a Portugal. Há alguma razão especial que queira partilhar connosco?

– Simplesmente, adoro o vosso País e já o corri quase todo, incluindo Madeira e Açores. Claro que a vossa comida é deliciosa, mas aquilo que mais me encanta é o calor e o entusiasmo que o público demonstra durante os meus concertos.

Joe Lovano nasceu há 54 anos em Cleveland, no Ohio, filho do saxofonista Tony ‘Big T’ Lovano. Começou a tocar saxofone alto aos cinco anos e passou a tenor aos 12. Estudou no Berklee College of Music, em Boston, onde se diplomou em 1972. Várias vezes considerado o Melhor Saxofonista Tenor e Músico do Ano pela revista ‘Downbeat’, Lovano já colaborou com os melhores músicos de jazz do Mundo.