Jornais de Angola e Cabo Verde acusam Fernando Pessoa de racismo
"A escravatura é lógica e legítima" é a frase na origem das duras críticas.
Era o poeta português Fernando Pessoa racista? É legítimo que dê nome a um programa de câmbio estudantil entre países da Comunidade os Países de Língua Portuguesa (CPLP), entre os quais se contam países africanos? Intelectuais angolanos consideram que não e estão a tentar re-batizar o programa semelhante ao Erasmus, conta a Sábado.
A polémica instalou-se quando, esta segunda-feira, o jornal Expresso das Ilhas, de Cabo Verde questionou o facto de nenhuma personalidade do país ter criticado a escolha o poeta para o programa de intercâmbio académico dentro dos países da CPLP, num texto intitulado "Intelectuais angolanos contra a escolha de Fernando Pessoa para patrono de projeto da CPLP". O jornal lembra que Fernando Pessoa terá tecido, durante a sua juventude tardia (aproximadamente com 28 anos), ideias racistas para com alguns povos africanos. No texto em questão, o autor de Mensagem refere que considera a escravatura como "lógica e legítima".
Já no Jornal de Angola, Luzia Moniz, presidente da Plataforma para o Desenvolvimento da Mulher Africana, criticou o poeta num texto de opinião: "Não sei se Pessoa é ou não bom poeta. Isso pouco interessa para o caso. A minha inquietação é o uso da CPLP para branquear o pensamento de um acérrimo defensor do mais hediondo crime contra a Humanidade: a escravatura".
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