Orgulho na obra feita

Manuela Azevedo, vocalista dos portuenses Clã, foi a primeira artista a pisar o palco do Grande Auditório da Casa da Música do Porto (CM). Um gesto pleno de simbolismo, que assinalou ontem a abertura oficial daquele que é já orgulhosamente apelidado de ‘novo ex-líbris do Porto’.

15 de abril de 2005 às 00:00
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As horas que antecederam a inauguração foram, porém, vividas com alguma ansiedade. De facto, muitos foram os curiosos que ontem passaram o dia passeando-se pelo pátio do edifício, uns tentando visitá-lo, outros simplesmente para se deleitarem com a obra. “Gosto muito, é imponente”, disse ao Correio da Manhã Diane Ferreira, uma das muitas pessoas que rumou à Casa da Música. A procura de informação chegou a ser tanta que obrigou dois agentes da PSP, a trabalhar na estação de Metro da CM, a pedir à organização folhetos informativos para distribuir. A concentração popular teve o seu ponto alto por volta hora de almoço, altura em que os jornalistas davam também uma maior moldura humana ao espaço. Aliás para a semana de abertura estão acreditados órgãos de comunicação social de toda a Europa, casos de TVE, ‘Daily Mail’ ‘Vanguardia’ e ‘El Mundo’.

No interior do edifíco, porém, quem teve oportunidade de entrar, deparou-se com uma sinfonia de berbequins e martelos em trabalhos de última hora. “Sabe como é, isto é sempre até à última. E as obras ainda vão continuar”, disse um dos trabalhadores. Esse som era entrecruzado com a pujança dos portugueses Clã que naquela altura ensaiavam.

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COMÉRCIO GANHA

Na verdade, a abertura da CM veio dar vida nova à zona envolvente da rotunda da Boavista e isso reflectiu-se também no comércio. Cafés e restaurantes tiveram uma afluência fora do normal e por isso precaveram-se reforçando os stocks.

“Já se nota mais clientela e penso que vai haver mais negócio. A Casa da Música é bem-vinda pois vai melhorar esta zona”, disse Jorge Barbosa, proprietário de um restaurante. “Comprámos mais carne e peixe para conseguirmos responder”, disse. Pelo mesmo diapasão afinou Gorete Castro da pastelaria Padouro. “Foi o melhor dia dos 18 meses que aqui estou. Nota-se que há mais pessoas por estas bandas”, disse. “E amanhã ainda vamos ter mais bolos para que nada falte aos clientes”, acrescentou.

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A abertura da Casa da Música foi também sentida na hotelaria. No Hotel Sheraton, por exemplo, o número de reservas aumentou no período que compreende os dez dias do programa de inauguração.

O clima de euforia portuense atingiu igualmente a Fundação de Serralves, que anunciou que abrirá as portas gratuitamente este fim-de-semana para festejar a abertura da CM.

Em dia de abertura, a CM ‘ofereceu’ também um brinde, anunciando mais bilhetes para alguns concertos dados como esgotados, casos de Pedro Abrunhosa, Joe Lovano, Paco Peña, Radio 4, Momo e Alfred Brendel, que estarão disponíveis a partir das 10h00 de hoje.

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'TROUXE OS ALUNOS'

Manuela Felgueiras é educadora de infância, em Viana do Castelo e ontem levou duas dezenas de meninos, todos com idades inferiores aos seis anos, para visitar a Casa da Música. “Trouxe os alunos para ver os ensaios da ópera Momo”. A reacção dos petizes foi entusiasta. “Estavam sempre de boca aberta, com grande admiração a tudo o que viam”. Por certo, tiveram um dia para mais tarde recordar.

'NÃO GOSTO DO EDIFÍCIO'

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João Sampaio olhava para a Casa da Música e abanava a cabeça. “Não aprecio. E não sou só eu. Há aí muita gente que não gosta”. Lamenta que o anterior edifício da STCP tenha desaparecido, mas vai marcar presença em alguns espectáculos. “Na abertura não, já não há bilhetes, mas vim buscar prospectos do restante programa”. Apesar de confessar não ser um aficcionado da música, João Sampaio disse que “a minha mulher escolhe e eu acompanho-a”.

'É MUITO IMPONENTE'

Diane Ferreira estava acompanhada por duas amigas que passeavam os seus filhos. “Queria fazer uma visita guiada, mas infelizmente não nos deixaram”. Apesar de resignada, Diane mostrou-se agradada com o edifício. “Estou rendida. É de facto de uma imponência muito grande. Acho que fica muito bem nesta zona”, disse. O único senão é que não conseguiu arranjar bilhetes. “Estão esgotados, é uma pena”, lamentou.

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