POR DETRÁS DE... UM TROVANTE
Manuel Faria, músico, fundou com quatro amigos os Trovante, mistura de trova com avante. Sem conotação política. Ninguém acreditou. Também por isso escreveu o livro:
Correio da Manhã - Podemos chamar-lhe a biografia da “adolescência da música portuguesa”?
Manuel Faria - Não, isso foi um exagero simpático da Margarida Pinto Correia que assina o prefácio mas ficar-me-ia mal dizê-lo. Que nós marcámos um período, marcámos. Já havia muita música portuguesa antes e ao mesmo tempo que a nossa, se fomos ou não referência, não gostaria de o afirmar em causa própria. Fomos importantes e pronto.
- O Canto Livre foi o “clic” dos Trovante, certo?
- Pois foi! Antes do 25 de Abril nós tanto gostávamos daquelas bandas anglo--saxónicas, de rock sinfónico, como gostávamos do Zeca Afonso, do Sérgio Godinho e quando surgiu o Canto Livre que era chegar e cantar a toda a hora e em todo o lado, nós rendemo-nos...
- História curiosa que não conste do livro ‘Trovante - Por Detrás do Palco’?
- Há uma linda com o Barata Moura num Canto Livre no Teatro Monumental que era também cinema e aquilo era mesmo chegar e cantar e ir embora... O Barata Moura enganou-se nos palcos, entrou no cinema e... chegou e cantou e foi embora. Ninguém percebeu nada. Nem ele.
- Estava tudo por fazer e em 1984 nasce, com os Trovante, a primeira ‘boys band’ à portuguesa?
- Foi uma graça que fizemos em 84 no Coliseu, onde tocávamos uma música sem cantar, a “Esplanada”... Era assim: entrávamos e espalhavamo-nos pelo palco, sentávamo-nos e fazíamos umas poses dignas de qualquer “boys band” de sucesso.
- “O único sucesso na vida é o de conseguirmos fazer aquilo que verdadeiramente queremos e cumprir com o que nos propusemos atingir”, lê-se... É um homem de sucesso?
-- Nesse contexto, sou. O que distingue os vencedores dos perdedores é o que fazem e o que se propõem fazer. O sucesso é querer da vida uma coisa e consegui-la. E o sucesso de uma vida pode ser não ter emprego e viver a olhar o céu e a comer fruta das árvores. O sucesso mede-se pelo grau de felicidade que se possa atingir.
Manuel Faria nasceu em Lisboa em 1957, e cresceu com os Trovante por todo o tempo dos Trovante: de 1976 a 1992. Homem forte da editora Índigo, ainda “dá música” ao cinema, ao teatro, à multimedia. De si próprio, diz ser uma mistura de audácia e bom senso. De si próprio e dos outros, diz mais e em primeira mão... “Estamos a misturar o espectáculo da Aula Magna, faz agora 20 anos. Encontrámos tudo, foi muito giro, das fitas à capa e, pronto, sai já para o mês que vem!”
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