Remédio fatal comprado sem licença

Ainda não há certeza de que Conrad Murray seja acusado de homicídio involuntário por ter administrado Propofol, descoberto em ‘dose letal’ nos exames toxicológicos a Michael Jackson, mas as autoridades não encontraram qualquer registo de que o médico pessoal do cantor tenha obtido o forte anestésico de forma legal. Para tal teria de haver registo da utilização da sua licença médica.

26 de agosto de 2009 às 00:30
Remédio fatal comprado sem licença Foto: Joshua Gates Weisberg/Epa
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Conrad Murray, que na manhã de 25 de Junho omitiu das equipas de socorro que poucas horas antes injectara Propofol ao paciente, a lutar contra a insónia desde a noite anterior, garantiu ainda às autoridades, num interrogatório que teve lugar dois dias depois da morte do cantor, que não foi o primeiro a fornecer o medicamento utilizado em anestesias gerais a Jackson, revelando o nome de David Adams, com consultório em Las Vegas, e avançando ainda dois médicos alemães não identificados.

Segundo um mandado de busca a uma farmácia de Houston, revelado anteontem, Murray disse a detectives do Departamento de Polícia de Los Angeles que nos últimos dias da vida de Jackson estava a tentar desabituá-lo do Propofol, mas acabou por ceder às súplicas de quem não conseguia dormir apesar de já ser dia. O médico acrescentou que Jackson tratava o medicamento que lhe veio a provocar a morte como "o seu leite", pois o Diprivan (designação comercial) tem um aspecto leitoso.

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"VERSÃO DA POLÍCIA"

O advogado de Conrad Murray disse ontem que os interrogatórios descritos no mandado de busca são "uma versão da polícia", sublinhando que a dose administrada pouco antes da morte de Jackson não era fatal.

ANESTÉSICO MAIS POPULAR

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O princípio activo propofol (nome comercial Diprivan) é o indutor anestésico mais utilizado em todo o Mundo e é utilizado exclusivamente em meio hospitalar em Portugal. Segundo Lucindo Ormonde, presidente da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia, consoante a dose administrada, por via endovenosa, o doente atinge diferentes níveis, que vão da sedação à inconsciência. O médico diz que a combinação do anestésico com outros medicamentos – e dependendo da dose – potencia os efeitos e causa diferentes tipos de reacções adversas. As reacções da interacção medicamentosa podem ser sonolência, diminuição da actividade cardiovascular, da pressão arterial ou da respiração. "Vários medicamentos em simultâneo causam uma acção cumulativa que potencia os seus efeitos."

OUTRO MÉDICO SOB SUSPEITA

O mandado de busca a uma farmácia de Beverly Hills põe em causa outro médico além de Conrad Murray. Trata-se de Alfred Klein, o dermatologista que apresentou Michael Jackson à mãe dos filhos mais velhos do cantor e que chegou a ser dado como provável pai biológico de Prince Michael e Paris.

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Klein preencheu 27 receitas de medicamentos como Vicodin ou Valium destinadas a si próprio, violando as leis da Califórnia. Esses remédios terão sido entregues a Jackson. n l.r.

BUSCAS EM VÁRIAS FARMÁCIAS

O mandado de busca revelado anteontem dizia respeito a uma das farmácias onde as autoridades procuraram documentos para tentar descobrir como é que o cantor norte-americano obtinha o elevado número de medicamentos que consumia, entre outras coisas, para combater as insónias .

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Pouco depois da sua morte, na mansão alugada pelo autor de ‘Thriller’ em Los Angeles, foram encontradas doses de Propofol, Lorazepam, Midazolam, Flumazenil e Lidocaína, não havendo qualquer receita na maioria dos casos. Pelo contrário, um frasco de Zanaflex fora receitado por Alfred Klein.

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