Reviver pesadelo que deu milhões
Natascha Kampusch escreveu ‘3096 Dias', que narra os 8 anos do seu rapto
Num drama verídico extremo como este não há finais felizes. Para a jovem austríaca Natascha Kampusch, a única esperança foi a liberdade, que alcançou oito anos depois de ter sido raptada a caminho da escola, nos arredores de Viena. Depois do pesadelo vieram as atenções mediáticas, entrevistas pagas a peso de ouro e a escrita de uma autobiografia que, agora, foi a base de um melodrama alemão, falado em inglês, a partir de hoje nas salas nacionais.
Numa alusão ao período em que esteve enclausurada numa pequena cave da casa do seu raptor, ‘3096 Dias' faz jus ao sofrimento de Natascha e tenta ser um relato exaustivo da relação dúbia e violenta que a menina (entretanto tornada numa mulher de olhar vazio) experienciou na pele. Apostando no voyeurismo inevitável, o filme segue ainda o perfil lacónico do raptor. Wolfgang Priklopil era um técnico de telecomunicações com uma vida solitária e uma obsessão: ser obedecido.
‘3096 Dias' começa com uma armadilha narrativa e depois, num longo flashback, recua até 1998, o início do sofrimento. Os desempenhos são competentes e a atriz que faz de Natascha, a irlandesa Antonia Campbell-
-Hughes, levou tão a peito o papel que ficou pele e osso na rodagem, decorrida em Munique.
Kampusch tem aparecido a promover este filme e já ganhou mais alguns milhões de euros com o seu drama. No sequestro pensou várias vezes: entre ela e o raptor, só um iria sobreviver para contar a história. Coube-lhe a ela a espinhosa missão.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt