Tragédia fidalga
Na série de filmes portugueses que marca este Outono, ‘Viúva Rica Solteira Não Fica’, de José Fonseca e Costa, é o que revela mais classe cinematográfica: tem uma história curiosa, a direcção de fotografia de Acácio de Almeida, várias boas interpretações, com Cucha Carvalheiro e José Raposo à frente, e uma realização de mestre, o que não quer dizer que supere o ‘Filme da Treta’ na afluência de espectadores.
São mundos diferentes e mesmo com bons gags, o filme que hoje estreia não provocará tantas gargalhadas. O humor é o de ‘uma tragédia à portuguesa’ situada em finais do século XIX. Começa com a jovem a ficar viúva e rica herdeira e prossegue com uma série de casamentos falhados em que sem paciência D. Ana Catarina despacha os maridos para o cemitério até ao reencontro com a primeira tentação, o rapaz pobre mas temeroso que ajuda o abade ao serviço do solar do Rio Douro.
Em ‘Viúva Rica ...’ sonha-se com o cinema de Visconti, um clássico italiano, aristocrata com tendências marxistas, mas o orçamento limita muito o projecto. Imagina-se que se teve até de poupar nos cristais partidos para matar os sucessivos maridos rejeitados sem criar suspeita de crime. Falta dinheiro para um grande filme.
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