Vaticano ‘absolve’ John Lennon
Chegou ao fim a Guerra Fria entre a Igreja Católica e um dos maiores grupos musicais de sempre. Um artigo publicado ontem pelo jornal italiano ‘L’Osservatore Romano’, órgão oficioso do Vaticano, perdoa o falecido cantor John Lennon por este ter garantido há mais de 40 anos que os Beatles eram mais populares do que Jesus Cristo.<br/><br/>
O ‘L’Osservatore Romano’ aproveitou o 40º aniversário do ‘White Album’, um dos principais discos da banda, para elogiar a "alquimia estranha e única de letras e músicas" dos Beatles.
Referindo-se às polémicas declarações de John Lennon, o artigo de meia página desvaloriza-as enquanto "excesso de juventude" do músico que foi assassinado em 1980 por um fã.
Lê-se na edição de ontem do ‘L’Osservatore Romano’ que as polémicas declarações de John Lennon foram mero "exibicionismo de um jovem músico inglês de classe operária que havia crescido na era de Elvis Presley e do rock’n’roll e que teve um sucesso inesperado".
RÁDIO TAMBÉM ELOGIA
Numa entrevista ao ‘London Evening Standard’, publicada a 4 de Março de 1966, Lennon disse que não sabia quem desapareceria primeiro: a Cristandade ou o rock’n’roll. Palavras que levaram ao boicote das canções da banda em muitas rádios dos EUA.
Também a Rádio Vaticano comparou favoravelmente o ‘White Album’ com a música "estereotipada" produzida na actualidade.
BEATLES AINDA TÊM UM INÉDITO
Paul McCartney não só confirmou como defendeu a divulgação de uma canção dos Beatles de registo experimental, feita em exclusivo para um festival de música electrónica, única vez em que foi ouvida.
Em entrevista recente à BBC, Paul McCartney recordou como, durante dez minutos, a faixa ‘Carnival of Light’ (no original) foi gravada em Londres, nos estúdios de Abbey Road, em 1967.
"Limitei-me a convencer a banda a usar as vozes e os instrumentos sem qualquer ordenamento pré-definido. Nada tinha de fazer sentido. O resultado é um acto de liberdade total, muito vanguardista, por isso, acho que merece ser ouvido", disse.
John Lennon, George Harrison e Ringo Starr, porém, nunca concordaram com a comercialização do tema, razão por que muitos duvidaram que existisse.
SAIBA MAIS
PROFETA DA DESGRAÇA
Na entrevista ao ‘London Evening Standard’, John Lennon lançou a profecia de que a Cristandade iria" diminuir e desaparecer".
1966
Foi um ano conturbado para os Beatles. Apesar de estarem no auge da popularidade, grupos religiosos boicotaram as músicas do grupo que começava a preparar o êxito ‘Sargeant Pepper’s’.
4
de Novembro de 1966 foi o dia em que o músico visitou a exposição de arte em Nova Iorque onde conheceu a japonesa Yoko Ono, sua futura mulher.
DISCÍPULOS INSULTADOS
Lennon disse à jornalista Maureen Cleave que os discípulos de Jesus Cristo eram "burros". Meses mais tarde pediu desculpa pelas suas afirmações.
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