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O peso dos dias vale prémios para o cinema português

A premiada primeira longa-metragem de Laura Carreira, protagonizada por Joana Santos, chega esta semana às salas de cinema nacionais.

26 de março de 2025 às 01:30

‘On Falling’, primeira longa-metragem de Laura Carreira, realizadora portuguesa residente em Edimburgo, chega esta quinta-feira às salas de cinema nacionais sob enorme e compreensível expectativa, depois de burilar uma carreira internacional vencedora. Após a estreia mundial (em setembro) no Festival Internacional de Cinema de Toronto (Canadá), já arrecadou prémios no Festival de San Sebastián (Melhor Realização) e no 68.º Festival de Cinema de Londres (Filme Estrangeiro).

‘On Falling’ é a mais autêntica das sagas dos tempos modernos: uma jovem portuguesa emigrada na Escócia, esmagada por um trabalho monótono, precário e desumanizado, a braços com a dificuldade de subsistência e a solidão.

O olhar aguçado da realizadora não é fruto do acaso. Já na sua primeira longa-metragem - ‘The Shift’ (2020) - se tinha debruçado sobre o trabalho precário. “A nossa relação com o trabalho foi uma coisa que sempre me interessou. Este é um filme que fala da opressão de quem se sente preso a um trabalho de que não gosta, sem conseguir arranjar uma forma de sair. Muita gente lida com isso e acredito que o cinema tem também essa função de falar sobre as problemáticas e as coisas que afetam as pessoas”, explica. A própria realizadora teve vários empregos precários. Num deles, atrás de um balcão, ouviu de uma colega tão periclitante quanto ela a frase que podia ser o fio condutor da história: “O meu sonho era ter um emprego de escritório e passar o dia todo sentada.”

A jovem do filme, que a câmara segue opressivamente na monotonia dura dos dias, é Aurora, interpretada por Joana Santos, que também já arrecadou dois prémios para Melhor Atriz no Festival de Salónica e no Premiers Plans d’Angers, em França. Um reconhecimento mais que merecido. É Joana (em cena do princípio ao fim do filme), que nos liga ao seu desalento e nos ‘encurrala’ na sua pesada realidade. “Fizemos muitos ensaios e essa carga foi surgindo naturalmente. Mas senti muito o peso da responsabilidade: um filme totalmente em inglês, gravar dois meses na Escócia, longe dos meus filhos. Mas voltava a repetir tudo outra vez”, disse a atriz. Tal como a sua Aurora, dia após dia, hora após hora.

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