A edição de hoje
“Estou muito emocionado”, diz o encenador Carlos Avilez, reagindo à morte do actor Santos Manuel, falecido na madrugada de domingo no Hospital de Cascais, onde estava internado desde há uma semana, com pneumonia. “O Santos Manuel foi um dos fundadores do TEC [Teatro Experimental de Cascais] e para além de ser um grande actor – teve interpretações notabilíssimas – era também uma pessoa extraordinária, um ser humano muito sensível e um excelente colega”, acrescenta o director do TEC, cujo elenco Santos Manuel integrava quando morreu, aos 79 anos.
Nascido em 1933, Santos Manuel iniciou a sua carreira no teatro amador, em 1958, na Companhia do Teatro Popular de Almada e estreou-se profissionalmente em 1962, com a peça ‘Regresso ao Paraíso’, na Casa da Comédia, companhia que ajudou a fundar e com a qual colaborou até 1965, altura em que saiu para fundar o TEC – Teatro Experimental de Cascais com Carlos Avilez e João Vasco.
Ao longo da sua carreira, foi também colaborador da Barraca, do Teatro Nacional D. Maria II e da Companhia Teatral do Chiado, interpretando autores tão díspares quanto Almada Negreiros, Gil Vicente, Lorca, Arrabal, Brecht, Molière, Büchner, Shakespeare, Bernardo Santareno ou Samuel Beckett.
Fez cinema – entrou, nomeadamente, em ‘Cerromaior’, de Luís Filipe Rocha, e ‘O Banqueiro Anarquista, de Eduardo Geada, ambos de 1981 – e televisão, entrando em séries como ‘Zé Gato’ (1979) ou ‘O Mandarim’ (1990). Mas foi no teatro que o actor se destacou, recebendo vários prémios de interpretação.
Só o espectáculo ‘D. Quixote’, que protagonizou em 1968, valeu-lhe quatro distinções: Prémio Nacional para Melhor Interpretação Masculina; Prémio Revelação do Teatro Declamado e Prémio Melhor Actor do XI Ciclo de Teatro Latino de Barcelona.
O corpo de Santos Manuel poderá ser velado esta segunda-feira na Igreja de Cascais, a partir das 18h00, e a cremação terá lugar terça-feira de manhã, em Rio de Mouro.
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