Especialistas avançam que alguns filmes da Disney estimulam sentimentos como o ciúme e promovem relações irrealistas.
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A doutora Victoria Cann, professora de Humanidades da Universidade de East Anglia, juntamente com a doutora Laura Coffey-Glover, professora de linguística com especial interesse em género e sexualidade na Universidade Nottingham Trent construiram uma teoria onde avançam que são vários os filmes infantis da Disney que promovem sentimentos menos nobres nas crianças, segundo avança o The Sun.
A Branca de Neve, de 1937, um dos primeiros filmes da Disney, promove o ciúme e a rivalidade feminina, no caso entre uma mulher mais velha (madrasta) e a Branca de Neve (uma jovem bonita). O filme, para além da rivalidade feminina, transmite a ideia de que a Branca de Neve nunca se irá apaixonar por um dos sete anões, apenas por um homem alto, moreno e com olhos claros, à semelhança do príncipe. Outros especialistas, como a Dra Laura Coffey-Glover, acreditam que a Branca de Neve cria nas crianças uma ideia irrealista sobre o amor e os relacionamentos amorosos.
A Bela Adormecida, de 1959, promove a anorexia, a rivalidade entre mulheres e ainda a dependência das porincesas em relação aos príncipes. Esta é a história de uma princesa que é enfeitiçada por outra mulher mais velha. Depois de se ‘picar’ numa roca, Aurora só consegue acordar com o beijo do príncipe encantado, cujo o beijo simboliza o amor verdadeiro. Para além da personagem pouco falar ao longo do filme, a princesa demostra também uma magreza extrema.
A Bela Adormecida cria por isso expetativas irrealistas de relacionamentos que, na vida real, são muito mais complicados. À semelhança da Branca de Neve, a Bela Adormecida acorda apenas com o beijo do príncipe, remetendo para a ideia que o homem tem total.
A Pequena Sereia, um filme de 1989, desiste da sua vida em prol de um homem. Apaixonada à primeira vista pelo príncipe Eric, a sereia Ariel faz um acordo com a ‘bruxa’ do mar Ursula, onde troca a voz para poder ter pernas em vez de barbatanas.
"A premissa do filme é que não há problema em abandonar a família, mudar drasticamente o corpo e até abdicar da voz para ter um homem", avançou o Dra. Cann, remetendo para a realidade de que, nos filmes infantis, as personagens femininas não aparecem para além da eterna procura pelo amor verdadeiro.
Já sobre a Bela e o Monstro, de 1991, os críticos acreditam que promove a violência doméstica, sendo que o príncipe se transforma num animal violente e perigoso, mantendo a princesa prisioneira no seu castelo. Para o Dra. Cann, este filme transmite uma das mensagens mais preocupantes.
"É perigoso porque o monstro mostra estar sempre perto da violência, reforçando a ideia de que se uma mulher esperar, consegue mudar o seu parceiro", disse. Para além disso, a imagem ‘feia’ é associada à maldade e à violência, pelo que quando o príncipe ganha contornos mais bonitos, deixa de ser visto como uma ameaça.
O filme do Aladdin, de 1992, é na verdade um filme racista. Segundo os mesmos especialistas em cinema, a princesa Jasmine é "forçada" a casar com alguém muito rico, para que a possa ‘proteger’.
Apesar disso, a personagem acaba por se apaixonar por Aladdin que é pobre, mas ainda retrata uma grande possessão poir parte de homens ricos e poderosos. Para além disso, as personagens ‘boas’ tem geralmente a pele mais clara, enquanto os ‘maus’ são sempre representados com a tonalidade de pele mais escura.
"O tom de pele é um conceito realmente importante para a qualidade e a má qualidade representada nestes filmes", avançou o Dra. Cann, citado pelo The Sun.
Esta realidade está presente em outros filmes como O Rei Leão, por exemplo. A cicatriz e a cor do pêlo do Scar, o leão mau, é bastante mais escura que a dos restantes leões como Simba ou Mufasa, um conceito que muito importante sobre como a ideia do ‘bem’ e do ‘mal’ são representados nos filmes infantis.
Já em 1950, a Cinderela promovia a ideia de que quando alguém é bonito, facilmente consegue encontrar o seu príncipe. O filme também dá força à ideia de que o que veste é mais importante do que a personalidade das personagens. Recorde-se que até ao dia do baile, a Cinderela é invisível.
Para além disso, este filme de animação reforça o estereótipo de que todas as madrastas são ‘más’. "Num momento em que há cada vez menos famílias ditas tradicionais, a ideia que as madrastas são sempre ciumentas e só as mães podem ser ‘boas’ para as crianças", reforça novamente o especialista.
Frozen – O Reino do Gelo, é a versão mais recente dos filmes de princesas da Disney, que nos remete para o poder feminino. Embora são seja perfeito, especialistas como Cann e Coffey- Glover consideram que pela primeira vez a Disney aposta em ter duas personagens femininas com papéis principais, mostrando que o amor pode assumir diferentes formas – como a da amizade, por exemplo – e que as mulheres não precisam de ser salvas por um homem.
Apesar de Cann discordar dos rostos e figuras estereotipadas, este é um filme da Disney que transmite mensagens mais positivas. Para concluir, todos os analistas consideraram que este tipo de filmes não deve ser proibido às crianças. No entanto, devem ser vistos quando as crianças atigem uma maturidade que ainda não têm com dois ou três anos de idade.
Frozen será por isso uma boa opção enquanto primeiro filme.
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