Quatro contos, que ocupam menos de cem páginas e têm por denominador comum o desenraizamento, respondem pela estrutura do livro.
Viver sem vontade e a vontade de viver são as duas faces de uma galeria de personagens desenhada nas margens da renúncia e da revolta. Sem contradições. Renunciam muito mas revoltam-se muito mais. Demitem-se de viver sem vontade para não terem de desistir da vontade de viver.
“A felicidade era uma coisa impossível de exprimir, mais ou menos como quando uma pessoa come e a comida lhe chega à barriga. Um calorzinho, pronto. Uma coisa assim, mas para mais”, do último conto, “Do Céu”.
Uma promessa de céu sustenta tanto o título do livro como o do conto e determina a história: uma criança de raça negra adoptada por um casal de raça branca para quem a felicidade é uma questão de peso e de cor... “Querido Umbù, não consegui ficar leve e branco. Estive quase a conseguir, mas a última magia correu mal. Queria beber a cor branca da boca da mãe, mas ela não quis. O demónio é mais forte. Fê-la gritar, pintou-lhe os olhos de vermelho. Não percebi uma palavra do que disse. Fizeste muito bem em não vir para cá. Aqui não há nenhum calorzinho, nenhum: diz à Filò que se enganou, e muito. Mas está atento, espera por mim, que em breve volto a descer”, lê-se.
Além “Do Céu” há outras histórias. Outras personagens. O drama é o de sempre: “uma coisa impossível de exprimir, mais ou menos como quando uma pessoa come e a comida lhe chega à barriga. Um calorzinho, pronto. Uma coisa assim, mas para mais”.
Ver comentários